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Alto escalão tem benefício mais flexível

11 jun 2018 - 07h04
(atualizado em 2/7/2018 às 14h57)
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Além dos benefícios de praxe oferecidos aos profissionais de alto escalão - gerência geral em grandes empresas, diretoria, vice-presidência e presidência -, como plano de saúde executivo, carros blindados e assistência a viagens internacionais, dentre outros mimos, há outros elementos de remuneração que também são usados pelo mercado e os pacotes estão cada vez mais flexível. Um dos benefícios menos conhecidos no Brasil está ligado ao momento de atração. O bônus de contratação ou ?signing bonus? funciona como uma espécie de luvas pagas a jogadores de futebol e é usado para compensar o executivo pela perda financeira com o pedido de demissão em outra empresa. "Muitas vezes, esse benefício é fator decisivo, especialmente se o profissional estiver empregado", afirma o CEO da Talenses Executive, João Marcio Souza. Nos EUA, a agência Bloomberg divulgou que o novo CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, contratado em setembro do ano passado, embolsou nada menos do que US$ 200 milhões com o seu bônus de contratação. Se confirmado, o valor é US$ 22 milhões a menos do que o jogador Neymar levou ao trocar o Barcelona pelo PSG. Segundo Souza, quanto mais relevante é a política de atração e retenção das organizações, maior será o interesse dos executivos pelas mesmas. "Todas as empresas têm intenção de reter seus executivos mais estratégicos. A remuneração agressiva, compatível com a responsabilidade da cadeira do profissional, é muito importante para a retenção desses executivos a médio e longo prazo." Em contrapartida, o diretor executivo para América Latina da Page Executive e Michael Page, Fernando Andraus, afirma que foi verificada queda na adoção de outros benefícios oferecidos ao alto escalão. "O emprego do ?stock options? entre as empresas - forma de remuneração que dá ao gestor a opção de compra de ações da própria companhia - recuou de 44% em 2016 para 41% no ano passado." A informação consta do Estudo Anual da Page Executive, realizado junto a 1.150 executivos de alto escalão, entre novembro e dezembro de 2017. Em relação ao salário desses profissionais, Andraus diz que a crise não afetou de forma significativa a remuneração direta de presidentes e diretores executivos, que recebem salários entre R$ 44 mil e R$ 110 mil por mês, dependendo do porte, segmento, desafios e saúde financeira de cada empresa. "Em 2017, houve aumento médio de 3% na remuneração fixa desses executivos." Segundo ele, o impacto negativo foi na remuneração variável, já que muitas empresas não atingiram seus objetivos de crescimento. "Mesmo em situação de crise, manter e atrair executivos continua sendo um tremendo desafio", afirma. "É nesse momento que algumas organizações têm se diferenciado, ao oferecerem a esses executivos pacotes adicionais de benefícios flexíveis", afirma a professora dos cursos de MBA e pós-graduação em gestão de pessoas da FIA e do Mackenzie, Célia Plothow. "Algumas empresas já oferecem cesta de pontos ou valores utilizados em uma gama variada de possibilidades, tais como academia de ginástica, vale alimentação, auxílio educação de filhos, cursos no exterior, entre outros", conta. Célia diz que um conjunto maior de empresas têm concedido mais flexibilidade de horário, o que pode ser mais um atrativo. "Além disso, o home office é um benefício que chama a atenção de muitos profissionais", ressalta. Segundo ela, há um grupo de organizações preocupadas com a proposta de valor que oferecem aos executivos (employee value proposition), que além da remuneração fixa, remuneração variável, benefícios (fixos e flexíveis), inclui recompensas não financeiras, que são elementos de ?valor? não pecuniários, como ambiente de trabalho, desafios, celebrações e confraternizações, entre outros. "Essas empresas também estão preocupadas em oferecer instalações físicas adequadas e cultura organizacional favorável." O Estudo da Page Executive indica que houve aumento de três pontos porcentuais na quantidade de profissionais cobertos por um outro benefício, o seguro da responsabilidade civil e criminal (D&O). "A concessão desse seguro saltou de 63% em 2016 para 66% no ano passado. Isso demonstra maior cuidado das empresas em proteger seus executivos, especialmente pelo momento dos escândalos de corrupção", diz Andraus. Salários. Segundo ele, a remuneração dos presidentes de empresas com faturamento acima de R$ 1 bilhão foi a que mais avançou, com alta média de 5%. Enquanto os ganhos de CEOs de empresas nacionais que faturam até R$ 500 milhões teve aumento de 2%. "No nível de diretoria, o diretor de tecnologia (CIO) de multinacional conquistou maior aumento médio, com ganho de 5%."

Estadão
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