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Ainda estudantes, mas com currículo de gente grande

16 jul 2018 - 17h14
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Para quem não conhece a história, "capacidade de adaptação" pode parecer uma informação aleatória no currículo de André Luiz Najar. Mas por trás desta habilidade está a experiência de dois anos vivendo na China como bolsista na Huazhong University of Science and Technology, de Huazong, a 900 quilômetros de Pequim.

Como não dominava o idioma, primeiro André passou um ano aprendendo mandarim em aulas que iam das sete da manhã às cinco da tarde. Todos os dias. Quando finalmente foi para a faculdade no ano seguinte, era o único estrangeiro na turma de 80 alunos. "Na aula de robótica, havia palavra que eu não conhecida nem em português. Mas eu me virava, usava o dicionário e pedia ajuda aos colegas", diz Najar, que está prestes a concluir a faculdade de engenharia mecânica na PUC de Minas Gerais. "Eu poderia ter ido para Portugal, mas achei melhor sair da minha zona de conforto e fui para a China."

Najar é um dos inscritos no programa CEO Por Um Dia, que vai selecionar estudantes para acompanhar de perto a rotina do CEO de uma das 23 empresas participantes.

Realizado em 14 países pela consultoria britânica Odgers Berndtson com apoio do Estadão, PDA International, Machado Meyer Advogados e Centro de Carreiras da FGV Eaesp, o CEO Por Um Dia está em sua quarta edição no Brasil. "Neste ano está especialmente difícil, porque os candidatos são muito bons", afirma o diretor associado à Odgers, Pedro Heer, que passa os dias entre pilhas de currículos e fichas de inscrição ? encerradas dia 9 de julho.

Agora, cerca de 100 candidatos serão selecionados e submetidos a uma avaliação comportamental eletrônica. Daí sairão os 50 semifinalistas que passarão por entrevistas com os executivos da Odgers. Com os candidatos de fora de São Paulo, informa Heer, as entrevistas serão realizadas por videoconferência. Segundo ele, há inscritos de Manaus a Porto Alegre. E de várias áreas de graduação, entre elas biomedicina, arquitetura, psicologia, com engenharia e administração como campeãs.

Luiz Carlos Zeferino é um exemplo da diversidade de áreas. Estudante de Comunicação Social na PUC de São Paulo, ele torce para estar entre os estudantes selecionados.

Cola. Ele diz querer observar como se comporta um líder, já que pretende tornar-se empreendedor, mas faz a ressalva enfática de que está aberto a negociações. "A expectativa de viver de perto a rotina de um profissional de alta performance é alta. Difícil mesmo é esperar para saber se estarei entre os selecionados", diz ele.

Assim como os demais inscritos, Zeferino terá de esperar até o dia 19 de agosto, quando os nomes dos 23 universitários selecionados serão divulgados pelo Estadão.

Caso esteja entre os escolhidos, Rafaela Souza, estudante de engenharia de produção da PUC de Minas, também pretende colar no CEO que acompanhar. "Para ver quais habilidades ele valoriza para eu ir me preparar", diz ela que no currículo tem um estágio na Walt Disney Company.

RH. Os 23 selecionados não terão a chance de escolher a empresa cujo presidente vão acompanhar por um dia. A indicação, como consta no regulamento do programa, fica a critério exclusivo dos executivos da Odgers Berndtson. O que não quer dizer que os estudantes não tenham suas preferências. "Gostaria de ir para uma indústria. Adoro ver máquinas, equipamentos, o processo de produção", afirma Rafaela.

Em comum com seus concorrentes, ela tem a preocupação de saber como os líderes e suas companhias cuidam do quadro de funcionários, que ferramentas usam para motivá-los e como promovem seus talentos.

"É importante saber como os altos executivos lidam com as pessoas, qual é o plano de carreira e como estimulam um bom ambiente de trabalho", enumera Adriana Parnes, que cursa administração de empresas na FGV de São Paulo e também concorre a uma vaga no CEO Por Um Dia.

Ao contrário de Zeferino, porém, que planeja ter seu próprio negócio, Adriana tem outros planos profissionais.

"Sempre quis liderar uma grande empresa, tomar decisões em uma companhia de porte e estou me preparando para isso", diz a determinada estudante, que tem um intercâmbio na Sciences Po, de Paris, e outro na Berkeley University, na Califórnia, no currículo.

Estadão
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