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Vendas de eletroeletrônicos em 2019 decepcionam fabricantes

A maior taxa de crescimento foi alcançada por produtos mais baratos, o que reflete o baixo poder aquisitivo da população

27 jan 2020 - 19h22
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As vendas de eletroeletrônicos de consumo da indústria para varejo decepcionaram os fabricantes no ano passado. Entre geladeiras, fogões, televisores, liquidificadores, ferros de passar, por exemplo, foram produzidas e vendidas 104,8 milhões de unidades. Foi um volume 5% maior do que no ano anterior, segundo a Eletros, associação que reúne os fabricantes. O resultado ficou no piso da expectativa de crescimento da indústria eletroeletrônica, que era de 5% a 10% para 2019.

"A retomada do crescimento não engrenou e a recuperação do consumo está mais lenta do que seria o ideal", afirma o presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento. Em 2019, pelo segundo ano seguido, a indústria cresceu 5% e a ociosidade das fábricas se manteve ao redor de 30%.

O desempenho de 2019 foi desigual para os diferentes segmentos da indústria eletroeletrônica. A maior taxa de crescimento foi alcançada por produtos mais baratos, o que reflete o baixo poder aquisitivo da população, que não se refez da crise enfrentada nos últimos anos. A venda dos eletroportáteis avançou 17,8% em 2019. Ao todo, as indústrias do setor produziram e venderam 76,6 milhões de aparelhos.

Já as vendas dos equipamentos da linha branca - geladeiras, fogões, lavadoras -, que são itens mais caros em relação aos eletroportáteis, aumentaram em ritmo menor, de 7,8% o ano passado sobre o anterior.

O pior desempenho em 2019 ficou com os eletroeletrônicos da linha marrom, que têm como principal produto os televisores. As vendas da linha marrom cresceram apenas 3% no ano passado ante 2018. Em 2019 foram vendidos 12,4 milhões de televisores. "Se considerarmos que em 2018 tivemos Copa do mundo, quando normalmente as vendas de TVs disparam, registramos em 2019 uma evolução moderadamente otimista", diz Nascimento.

O que frustrou as expectativas dos fabricantes o ano passado, foi a insegurança para consumir dos brasileiros que estão desempregados e também daqueles que estão empregados, mas têm dúvidas se continuarão trabalhando, argumenta Nascimento.

Para este ano, o presidente da Eletros repete a projeção do ano passado, de crescer entre 5% e 10% as vendas sobre o ano anterior. Mas ele condiciona esse desempenho a questões de competitividade da indústria. Isto é, à reforma tributária e de como será feita abertura comercial.

No caso da reforma tributária, o executivo está preocupado com o imposto que deve substituir o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Quanto à abertura comercial, ele acredita que se ela for feita de forma radical, suprimindo o Imposto de Importação do setor, hoje em média de 20%, poderá levar empresas multinacionais instaladas aqui encerrar as operações no País. "A abertura comercial tem que ser feita com critério", afirma.

Estadão
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