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Venda de cimento cresce em junho, mas setor vê nova queda em 2018

11 jul 2018 - 16h22
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As vendas de cimento no Brasil tiveram forte alta em junho na comparação anual, mas o movimento foi atribuído pelo setor à dificuldade nas entregas no final de maio, gerada pela greve dos caminhoneiros, e não uma melhora na demanda pelo insumo.

Segundo dados da entidade que representa os fabricantes de cimento do país, Snic, as vendas do insumo em junho somaram 4,972 milhões de toneladas, um crescimento de 13,2 por cento na comparação com o mesmo mês do ano passado, e expansão de 38,6 por cento frente ao volume de maio.

"Deu uma melhorada (nas vendas), mas isso foi uma consequência do represamento das vendas do período entre final de maio e início de junho", disse o presidente do Snic, Paulo Camillo Penna.

"As primeiras informações que tivemos é que a última semana de junho foi muito fraca, muito em linha com a queda da produção industrial", acrescentou Penna.

Segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de maio, a produção industrial do país caiu 10,9 por cento em maio sobre abril e recuou 6,6 por cento no comparativo anual.

Com o desempenho do mês passado, os produtores de cimento do país fabricaram no primeiro semestre 25,392 milhões de toneladas, uma queda de 1,5 por cento na comparação com um ano antes.

Na avaliação do presidente do Snic, o setor deverá agora ter em 2018 uma quarta queda consecutiva de vendas, ante expectativa mais cedo neste ano de que a comercialização poderia crescer 1 ou 2 por cento. A entidade ainda não concluiu cálculo de nova projeção para o ano.

Tradicionalmente, o desempenho do segundo semestre é melhor que a primeira metade do ano, mas, mesmo que essa tendência seja mantida em 2018, Penna avalia que as vendas da segunda metade do ano teriam que crescer cerca de 10 por cento apenas para o ano empatar com 2017.

"Muito provavelmente vamos fechar o ano com um número negativo de vendas", disse Penna, citando a queda nas confianças dos empresários e dos consumidores após a greve dos caminhoneiros e as incertezas sobre a economia geradas pelo processo eleitoral.

Além do quadro econômico fraco, Penna citou impactos ao setor gerados pela tabela de frete rodoviário, cuja medida provisória que a instituiu no final de maio foi aprovada pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira.

O presidente do Snic afirmou que os fabricantes estão negociando a "melhor forma" de frete para escoar a produção com milhares de caminhoneiros autônomos, que "guardam hoje uma relação de fidelidade e reciprocidade" com as empresas.

Penna afirmou que, se implementada na totalidade, a tabela poderia mais que dobrar a base de custos dos fabricantes ante nível atual de 28 por cento da receita líquida. A tabela está sendo questionada na Justiça por empresas e entidades do setor privado.

"É impossível utilizar essa tabela no quadro atual de matéria-prima em alta e preço (do cimento) em baixa e ainda ter algum resultado para indústria", disse Penna.

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