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União de gigantes nacionais quase teve 'tempero' asiático

No meio da negociação entre Fibria e Suzano, houve uma propostada Paper Excellence, dona da Eldorado

27 jan 2019 - 05h10
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Há um ano, quando as famílias Feffer e Ermírio de Moraes decidiram retomar as negociações para a fusão entre Suzano e Fibria, na mesa havia uma única certeza: a Suzano seria a protagonista do negócio. Mas as conversas para criação da gigante, com faturamento combinado de R$ 32 bilhões, quase foram atropeladas pela asiática Paper Excellence (PE), que havia comprado a Eldorado, dos irmãos Batista, meses antes.

Foi o momento mais tenso das negociações, que tinham sido retomadas nas primeiras semanas de janeiro de 2018, com o aval dos dois maiores acionistas da Fibria: o grupo Votorantim, da família Ermírio de Moraes, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Operação de fusão da Suzano com a Fibria movimentos R$ 30,8 bi
Operação de fusão da Suzano com a Fibria movimentos R$ 30,8 bi
Foto: Suzano Papel e Celulose/Divulgação / Estadão

A proposta inicial da Suzano, oficializada em 7 de fevereiro, previa a combinação de ativos com relação de troca de ações e dinheiro.

David Feffer, à frente do conselho de administração, estava disposto a ter a Fibria no bloco de controle da companhia, mas os acionistas da fabricante preferiram ser remunerados em dinheiro a ter mais voz nas decisões futuras da companhia.

Pela Suzano, as negociações foram conduzidas pelo executivo Walter Schalka, presidente da empresa, e por Nildemar Secches (ex-Perdigão), conselheiro da companhia. Do outro lado da mesa estavam João Miranda, presidente da Votorantim, João Schmidt, diretor financeiro do grupo, e Eliane Lustosa, diretora do BNDES.

O acordo saiu apesar de o banco BTG Pactual, que assessorava o grupo asiático PE, ter proposto pagar pela Fibria em dinheiro. A Suzano ameaçou abandonar as negociações, por achar que os vendedores estavam fazendo "jogo duplo" para elevar o valor do negócio, afirmaram fontes a par do assunto.

A guerra de nervos se estendeu até março, quando foi anunciado o acordo. A falta de garantias da PE para financiar a compra acabou reabrindo o caminho para a Suzano fechar uma operação que movimentou R$ 30,8 bilhões em dinheiro, além de 255 milhões de ações entregues aos acionistas da Fibria. O grupo Votorantim detém 5,6% da nova empresa e, o BNDES, 11%.

Estadão
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