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China enfraquece iuan e abandona agrícolas dos EUA; mercados desabam

5 ago 2019 - 10h35
(atualizado às 15h13)
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A China deixou o iuan romper o nível de 7 por dólar nesta segunda-feira pela primeira vez em mais de uma década, num sinal de que o país está disposto a tolerar mais fraqueza no câmbio, e depois declarou que irá parar de adquirir produtos agrícolas norte-americanos, inflamando ainda mais o conflito comercial com os Estados Unidos.

O presidente dos EUA, Donald Trump. 24/02/2019. REUTERS/Al Drago
O presidente dos EUA, Donald Trump. 24/02/2019. REUTERS/Al Drago
Foto: Al Drago / Reuters

A forte queda de 1,4% no iuan vem dias depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, surpreender os mercados financeiros ao prometer impor tarifas de 10% sobre 300 bilhões de dólares restantes das importações chinesas a partir de 1º de setembro, quebrando abruptamente um breve cessar-fogo na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Nesta segunda-feira, Trump acusou Pequim de manipular o valor do iuan.

"A China baixou o preço de sua moeda para uma mínima quase histórica. Isso se chama 'manipulação cambial'. Você está ouvindo, Federal Reserve? Essa é uma grande violação que enfraquecerá consideravelmente a China ao longo do tempo!", disse Trump no Twitter.

Trump não revelou nenhuma resposta específica dos EUA à situação. Alguns analistas disseram que o movimento do iuan poderia desencadear uma nova frente perigosa nas hostilidades comerciais --uma guerra cambial.

Após a declaração de Trump. o Ministério do Comércio chinês afirmou que as empresas do país pararam de comprar produtos agrícolas norte-americanos e que a China não descarta estabelecer tarifas de importação a esses bens adquiridos dos EUA após 3 de agosto.

MERCADOS CHACOALHADOS

A forte queda do iuan abalou os mercados financeiros mundiais.

Na China, o índice da bolsa de Xangai recuou 1,62%, para seu menor nível de fechamento desde 22 de fevereiro, e as perdas acionárias logo se espalharam por todo o mundo.

O índice MSCI para ações globais recuava 2%, sua maior queda desde fevereiro de 2018. Em Wall Street, o S&P 500 recuava 2,8%, enquanto o Nasdaq Composto marcava baixa de 3,4%, nas maiores perdas diárias desde dezembro do ano passado.

O banco central da China (PBoC, na sigla em inglês) forneceu o ímpeto inicial para os vendedores de iuan ao estabelecer uma taxa diária para a moeda em seu nível mais fraco em oito meses.

O economista sênior para a China da Capital Economics, Julian Evans-Pritchard, disse que o PBoC provavelmente impediu uma desvalorização mais forte do iuan a fim de evitar um colapso total das negociações comerciais com os Estados Unidos.

"(Mas) O fato de que eles pararam de defender o nível de 7,00 (iuanes) por dólar sugere que abandonaram as esperanças de um acordo comercial com os EUA", disse o economista.

O PBoC deu poucas pistas sobre suas intenções.

Em comunicado divulgado na segunda-feira, o banco central vinculou a fraqueza do iuan às consequências da guerra comercial, mas disse que isso não mudaria sua política cambial e que flutuações no valor do iuan são normais.

O banco central definiu o ponto médio diário do iuan em 6,9225 por dólar antes de o mercado abrir, no nível mais fraco desde 3 de dezembro de 2018.

O iuan "onshore" terminou a sessão doméstica em 7,0352 por dólar, nível mais fraco desde março de 2008. Esta segunda-feira marcou a primeira vez que o iuan rompeu o nível de 7 por dólar desde 9 de maio de 2008.

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