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Com guerra comercial, bolsa desaba e dólar volta a nível pré-eleição

Em meio a temores de uma desaceleração mais forte da economia global, investidores abandonaram mercados acionários e ativos emergentes

23 ago 2019 - 14h29
(atualizado às 22h05)
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Um conjunto de notícias negativas, externas e internas, levou o dólar a fechar no maior nível deste ano. O acirramento da tensão comercial entre a China e os Estados Unidos, com os dois países prometendo medidas protecionistas adicionais, manteve a moeda americana em alta ante a maioria dos emergentes.

O real foi novamente uma das moedas com pior desempenho. Também não agradou os investidores o atraso do cronograma da Previdência no Senado, além das mesas também estarem atentas às repercussões internacionais das queimadas na Amazônia e das denúncias envolvendo o banco BTG na Operação Lava Jato e potenciais respingos em outras instituições financeiras.

O dólar fechou em alta de 1,14% no mercado à vista, a R$ 4,1246, o maior valor desde 19 de setembro, antes da eleição presidencial, quando fechou em R$ 4,1308 com pesquisas eleitorais sinalizando a ida do candidato petista Fernando Haddad para o segundo turno.

O dólar acumulou alta de 3% nos últimos cinco dias, marcando a sexta semana consecutiva de valorização. Em uma cesta de 35 moedas, o real teve o segundo pior desempenho, perdendo apenas para a lira turca. No mês, o dólar já acumula ganho de 8%.

Bolsas

Declarações fortes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deflagraram uma onda de aversão ao risco nos mercados globais, da qual a bolsa brasileira não escapou. O temor de acirramento da guerra comercial entre EUA e China derrubou os mercados na Europa e nos Estados Unidos e o Índice Bovespa perdeu 2,34% e fechou aos 97.667,49 pontos, menor nível desde 17 de junho. Em dólares, a perda foi de 3,45%. O Dow Jones fechou em queda de mais de 600 pontos, ao recuar 2,37%, S&P 500 caiu 2,59% e Nasdaq cedeu 3,00%.

Embora tenha ficado em segundo plano, o cenário doméstico também contribuiu para o desempenho negativo do mercado doméstico, afirmaram analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast.

"Foi uma aversão ao risco bastante forte e nem mesmo as ações que em geral são beneficiadas pela alta do dólar escaparam. A queda foi resultado da soma do cenário externo conturbado com o ambiente doméstico igualmente conturbado", disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

"No que diz respeito às queimadas na Amazônia, não vejo conexão com o que aconteceu hoje na Bolsa. Mas certamente essa pressão sobre o governo não ajuda, uma vez que o momento é de diálogo com os senadores", disse Arbetman.

O recrudescimento da guerra comercial sino-americana detonou uma onda de aversão ao risco nesta sexta-feira, 23. Em meio a temores de uma desaceleração mais forte da economia global, investidores abandonaram mercados acionários e ativos emergentes para se abrigar nos Treasuries, títulos do tesouro americano, cujas taxas fecharam em forte queda.

A liquidação de posições em ativos de risco fez com que a moeda americana ganhasse força entre a maioria das divisas emergentes. Por aqui, o dólar à vista fechou em alta de 1,14%, a R$ 4,1246 - maior valor desde 19 de setembro do ano passado, quando houve avanço da candidatura petista na corrida presidencial. Com as perdas desta sexta-feira, o dólar emendou a sexta semana seguida de alta. Nos últimos cinco pregões, a moeda americana subiu 3%.

A depreciação do real levou a uma alta das taxas futuras, com aumento moderado da inclinação da curva a termo, mas não alterou as expectativas para o rumo da Selic. No mercado acionário, o Ibovespa renovou mínimas ao longo da tarde e fechou em queda de 2,34%, aos 97.667,49 pontos - no menor nível desde 17 de junho.

As tensões se elevaram após o presidente Donald Trump afirmar que anunciaria na tarde desta sexta medidas de retaliação comercial contra a China. Pela manhã, o país asiático informou imposição de imposição de alíquotas entre 5% e 10% sobre mais de US$ 75 bilhões em produtos dos EUA.

O republicano exortou as empresas do país a encontrar uma alternativa à China, como levar suas fábricas para solo americano. À espera do troco de Trump aos chineses, as bolsas americanas aprofundaram o ritmo de queda ao longo da tarde e encerram o dia com recuo superior a 2%.

As empresas de tecnologia foram as mais prejudicadas, o que fez o Nasdaq liderar as perdas entre os índices, com queda de 3%. A curva de juros dos Treasuries entre rendimentos de dez e dois anos voltou a inverter pontualmente e o dólar sofreu forte queda em relação a divisas fortes, como o iene.

Investidores passaram a precificar, ainda que marginalmente, um corte de 0,50 ponto porcentual na taxa de juros americana, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmar, em discurso no simpósio de Jackson Hoje, que as incertezas no comércio mundial poderiam trazer impactos "sem precedentes" na política monetária americana. Em um ambiente de preocupações com os desdobramentos das disputa entre China e EUA sobre a saúde da economia global, a aversão ao risco fala mais alto que uma eventual maior atratividade de mercados como o brasileiro com a redução dos juros nos EUA.

A liquidação de posições em ativos de risco fez com que a moeda americana ganhasse força entre a maioria das divisas emergentes. Por aqui, o dólar à vista fechou em alta de 1,14%, a R$ 4,1246 - maior valor desde 19 de setembro do ano passado, em meio ao avanço da candidatura petista na corrida presidencial. Com as perdas desta sexta-feira, o dólar emendou a sexta semana seguida de alta. Nos últimos cinco pregões, a moeda americana subiu 3%.

A depreciação do real levou a uma alta das taxas futuras, com aumento moderado da inclinação da curva a termo, mas não alterou as expectativas para o rumo da Selic. No mercado acionário, o Ibovespa renovou mínimas ao longo da tarde e fechou em queda de 2,34%, aos 97.667,49 pontos - no menor nível desde 17 de junho.

Embora o cenário externo adverso tenha sido o principal responsável pelas perdas dos ativos domésticos, operadores ressaltam que questões locais acentuaram o mal-estar. Entre os pontos de preocupação, estariam a possibilidade de diluição da reforma da previdência no Senado, o desgaste da imagem do país com as queimadas na Amazônia e os problemas com o banco BTG Pactual, alvo de nova operação da Lava Jato.

Estadão
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