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Tensão comercial global ameaça exportações de produtores rurais nos EUA

6 jun 2018 - 11h01
(atualizado em 2/7/2018 às 14h42)
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Nova York, 6/6 - Os produtores dos Estados Unidos, que já estão perdendo vendas para a China, estão enfrentando novas ameaças aos negócios com outros grandes mercados estrangeiros, com as tensões comerciais se disseminando globalmente. O México impôs nesta semana tarifas sobre as principais exportações dos EUA, como queijo e carne suína, enquanto o Canadá e a União Europeia estão considerando tarifas sobre importações de alimentos e produtos agrícolas de milho ao suco de laranja, além de manteiga de amendoim. Além disso, dizem os analistas, a China poderia retaliar outras culturas e produtos, depois que autoridades do governo de Donald Trump delinearam, na semana passada, possíveis tarifas sobre produtos chineses no valor de US$ 50 bilhões. As ameaças comerciais causam temores ao agronegócio norte-americano, com estas tarifas elevando o custo dos produtos em mercados que importaram US$ 70 bilhões em produtos agrícolas dos EUA no ano passado, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês). Em Iowa, o principal Estado produtor de carne suína, o suinocultor Dean Meyer viu seus preços declinarem desde que a China cobrou impostos sobre as importações do produto em abril. "Os lucros estão comprometidos", disse Meyer, que recentemente expandiu sua operação perto de Rock Rapids, Iowa, para vender cerca de 22 mil suínos por ano, apostando parcialmente no aumento da demanda do exterior. "A última coisa que precisamos é de uma queda da demanda". A incerteza sobre as negociações comerciais está afetando as decisões de negócios nos cinturões agrícolas do país e pode perdurar mesmo se as atuais ameaças tarifárias diminuírem. No Missouri, alguns fazendeiros estão encolhendo os rebanhos, temendo que as tarifas possam pressionar ainda mais os baixos preços do gado. No cinturão de milho, alguns agricultores estão colocando em espera planos para comprar terras ou construir silos de armazenamento de grãos. O aumento das preocupações comerciais também tem grandes implicações para empresas de alimentos que exportam, como a Cargill, a Archer Daniels Midland (ADM), a Tyson Foods, a Pilgrim's Pride e a Sanderson Farms. Muitos grupos agrícolas pediram ao governo Trump que trabalhe com cautela, principalmente em uma época em que a indústria enfrenta outros problemas também. O clima favorável aumentou os estoques de grãos e favoreceu a expansão de celeiros, o crescimento de rebanhos de suínos e a redução dos preços. A mudança nos hábitos dos consumidores, como a diminuição do consumo de leite, também levou os produtores a buscar mercado no exterior. Os produtores de lácteos dos EUA têm se aproveitado das exportações para ajudar o setor em dificuldades para vencer o excesso de produção de vários anos. O México, que não produz queijo suficiente para atender à crescente demanda doméstica, é um grande cliente, comprando quase um terço de todos os queijos dos EUA vendidos ao exterior, de acordo com a Informa Economics. Alguns grupos dizem que as negociações do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) serão mais espinhosas, com Canadá e México se juntando à batalha tarifária. O Nafta sustentou o boom do comércio de carne, frutas e vegetais dos EUA. O México é o maior importador de maçãs dos EUA e está impondo um imposto de 20% sobre a fruta. Novas tarifas provavelmente farão as negociações do Nafta "mais barulhentas", disse Richard Owen, vice-presidente da Produce Marketing Association. Fonte: Dow Jones Newswires.

Estadão
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