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Temores de recessão persistem e dólar vai além de R$5,40; mercado aguarda ata do Fed

6 jul 2022 - 09h14
(atualizado às 10h29)
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O dólar estendia seus ganhos contra a moeda brasileira para uma quinta sessão consecutiva nesta quarta-feira, negociado com folga acima dos 5,40 reais, acompanhando movimento internacional de fuga para a segurança em meio a medo generalizado de recessão.

Notas de dólar
02/08/2011
REUTERS/Yuriko Nakao
Notas de dólar 02/08/2011 REUTERS/Yuriko Nakao
Foto: Reuters

Às 10:16 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,42%, a 5,4118 reais na venda. No pico do dia, o dólar subiu 0,60%, a 5,4215 reais na venda, nível que, se mantido até o fim das negociações, corresponderia a uma máxima para encerramento desde 27 de janeiro (5,4247).

Na B3, às 10:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,38%, a 5,4485 reais.

O rali do dólar era generalizado. Contra uma cesta de rivais de países fortes, a moeda norte-americana avançava cerca de 0,50% nesta manhã, renovando seus maiores patamares em duas décadas.

Essa disparada reflete a precificação cada vez maior de uma recessão em grande escala, disse à Reuters Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. "É normal, nesse ambiente, você buscar investimentos seguros, como o dólar ou os títulos norte-americanos."

Ele notou uma recente queda expressiva nos rendimentos dos Treasuries como sinal da forte demanda por proteção na renda fixa norte-americana. Isso é favorável ao dólar, já que agentes financeiros precisam comprar a divisa para investir em ativos dos Estados Unidos.

O nervosismo de investidores sobre a atividade global ganhou força desde que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, endureceu sua postura de política monetária e subiu os juros no ritmo mais acentuado em quase 30 anos no mês passado, em 0,75 ponto percentual, buscando esfriar a economia de forma a controlar a inflação mais alta em décadas.

O foco de investidores neste pregão deve ficar sobre a divulgação, às 15h (de Brasília), da ata do último encontro do Fed, que pode oferecer pistas sobre os próximos passos da instituição.

Enquanto isso, no Brasil, "a gente teve uma explosão da percepção de risco fiscal", notou Beyruti, o que ajudou o dólar a disparar em junho --seu melhor mês contra o real desde março de 2020-- e encerrar o segundo trimestre com ganhos de quase 10%. Agora, basta valorização de pouco mais de 3% em relação aos patamares atuais para que o dólar saia de território negativo contra o real no acumulado de 2022.

"Altos preços das commodities sustentaram a valorização do real no ano até agora, mas o cenário doméstico incerto à frente e o exterior menos benigno devem manter o real depreciado em termos históricos", avaliaram estrategistas do Citi em apresentação.

"Um dos resquícios da pandemia e da eleição presidencial de 2022 serão os gastos maiores. A quantidade de alterações que já foram feitas mostra que o teto de gastos é, do ponto de vista político, insustentável", disseram.

O limite de gastos da União foi flexibilizado no ano passado sob a PEC dos Precatórios, o que foi visto pelos participantes do mercado como um golpe à credibilidade fiscal do país. Com a atual tramitação de medidas de ampliação e criação de benefícios sociais no Congresso, que devem gerar despesas fora do teto, ressurgem as preocupações com a saúde das contas públicas, já que sinais de irresponsabilidade fiscal podem afastar investidores estrangeiros do Brasil.

Sinal da pior percepção sobre o cenário doméstico, um indicador do risco-país comumente acompanhado fechou a terça-feira numa nova máxima desde o final de maio de 2020, em mais de 298 pontos-base, depois te ter chegado a cair para perto de 200 pontos no início de abril deste ano.

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