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Temer diz que não há risco de crise cambial no país nem volta de tabelamento de preços

7 jun 2018 - 19h04
(atualizado às 20h19)
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Em dia de forte turbulência nos mercados financeiros no país, com disparada do dólar e forte queda do Ibovespa, o presidente Michel Temer disse que não há risco de crise cambial no país, atribuiu o dia complicado no mercado financeiro a fatores externos, embora tenha reconhecido também a instabilidade decorrente do quadro eleitoral, e rechaçou a volta do tabelamento de preços.

Presidente Michel Temer durante cerimônia em Brasília
06/06/2018 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Michel Temer durante cerimônia em Brasília 06/06/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Estamos muito comprometidos com o ajuste fiscal, a questão fiscal está inteiramente sob controle, tanto que os investimentos continuam ocorrendo. É claro que essa greve de caminhoneiros criou um problema, não podemos ignorar esse fato, mas criou um problema logo superado. Poderia ser muito mais grave", disse Temer em entrevista à emissora pública TV Brasil. "Não há risco (de crise cambial). É natural, o dólar varia muito."

O presidente justificou a alta do dólar no Brasil pela elevação dos juros nos Estados Unidos, lembrando que isso teve reflexo nas moedas de muitos países.

Temer garantiu que a questão fiscal está sob controle no Brasil e as reservas internacionais do país são muito significativas.

Ele reconheceu que o quadro eleitoral afeta diretamente a economia e as pessoas ficam "instáveis" com os resultados que as pesquisas apontam até agora, mas não há riscos para economia.

"Creio que os candidatos tomarão essa cautela de saber que o Brasil mudou muitíssimo, e que o eleitor vai querer são projetos", disse.

"Falas muitas vezes até exageradas, que não tem amparo na realidade... por exemplo, tem muito candidato que vem aí e diz que vai eliminar todas as reformas feitas. Isso desestabiliza o mercado", disse, numa possível referência ao pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, que já disse que revogará a reforma trabalhista se for eleito.

"Acho que pouco a pouco, quando chegar a campanha, os candidatos verificarão que o Brasil tem que ter uma continuidade naquele processo que se iniciou, com um ajuste fiscal rigorosíssimo."

Sobre a interpretação de que a determinação do governo de que o preço do diesel nos postos respeito o acordo acertado com os caminhoneiros represente uma volta ao tabelamento dos preços, o presidente rechaçou a possibilidade.

O dólar fechou em alta de 2,28 por cento, a 3,9258 reais na venda, maior patamar desde 1º de março de 2016. Na máxima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,9684 reais.

Ao mesmo tempo, o Ibovespa, principal índice de ações da B3, caiu 2,98 por cento, a 73.851 pontos, menor patamar de fechamento desde 20 de dezembro do ano passado. No pior momento, o índice chegou a despencar 6,5 por cento.

Questionado sobre o porquê da população não relacionar avanços na economia com seu governo, Temer mostrou certa irritação. Disse que a equipe econômica não "caiu do céu".

"Claro que o nome era sempre indicado por mim, portanto a área econômica produziu muito adequadamente não porque as coisas caíram do céu, mas porque havia um presidente preocupado com a recuperação econômica do Brasil", afirmou.

INQUÉRITOS

Outro momento em que Temer se mostrou irritado foi quando questionado sobre as acusações de corrupção e os pedidos de quebra de sigilo bancário e, agora, telefônico. Chamou de "esquartejamento político e moral" as investigações que o envolvem e disse ainda que não há um movimento investigativo mas um movimento político contra ele.

"O tratamento que me dão é indigno, mas devo dizer isso porque estou sendo tão vilipendiado", afirmou.

"Eu não me incomodo com quebra de sigilo. Foi tão indevida... e mais uma vez tem o aspecto político. Porque não é quebra de sigilo do Michel Temer, é quebra de sigilo do presidente da República", disse.

"E agora chegam ao desplante de pedir a quebra de sigilo telefônico. Se quebrar fique à vontade, peguem todos os meus telefonemas, verifiquem com quem eu falei. Porque eles vão quebrar a cara."

O presidente teve o pedido de sigilo bancário autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso no inquérito em que é investigado por supostamente beneficiar com um decreto a empresa Rodrimar em concessões no porto de Santos.

Já o sigilo telefônico foi pedido pela Polícia Federal no inquérito em que é investigado em um esquema de pagamento de propinas ao MDB pela empreiteira Odebrecht. O pedido foi negado pelo relator no STF, ministro Edson Fachin, mas a entrevista para a TV Brasil foi gravada antes da decisão.

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