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Taxas futuras de juros caem no Brasil em movimento de ajuste apesar de exterior desfavorável

21 out 2024 - 16h51
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Após se aproximarem dos 13% na sessão anterior, as taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em baixa firme no Brasil, com o mercado em busca de um ponto de equilíbrio após os aumentos recentes de prêmios, enquanto no exterior os rendimentos dos Treasuries tiveram ganhos fortes.

Apesar do alívio visto nesta segunda-feira, as taxas futuras seguiram próximas de 12,90% em vários vencimentos, refletindo ainda preocupações dos investidores com o equilíbrio fiscal brasileiro, a inflação desancorada e as eleições norte-americanas, entre outros fatores.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo -- estava em 11,198%, ante 11,187% do ajuste anterior.

A taxa para janeiro de 2027 estava em 12,85%, ante o ajuste de 12,921%, e o vencimento para janeiro de 2029 marcava 12,905%, ante 12,966%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2030 estava em 12,91%, ante 12,971%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,81%, ante 12,872%.

Os preços de mercado sugeriam um novo dia de avanço para as taxas dos DIs nesta segunda-feira. Além de os yields dos Treasuries sustentarem ganhos de mais de 10 pontos-base entre os contratos mais longos, o dólar se mantinha em patamares elevados no Brasil, acima dos 5,70 reais.

Já o relatório Focus do Banco Central, com as projeções do mercado, voltou a indicar uma piora nas expectativas de inflação. A projeção de alta para o IPCA em 2024 passou de 4,39% para 4,50% e em 2025 foi de 3,96% para 3,99% -- em ambos os casos distantes do centro da meta de inflação, de 3%.

A Selic esperada para o fim deste ano seguiu em 11,75%, mas para o fim do próximo ano passou de 11,00% para 11,25%. Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano.

"A curva de juros já coloca uma Selic em 13%. Está difícil enxergar esta Selic caindo", pontuou durante a manhã o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado a clientes. "O que era um minichoque de juros já começa a ficar com uma cara de um choque mais parrudo", acrescentou.

Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a máxima de 12,99% às 9h05, em alta de 3 pontos-base ante o ajuste de sexta-feira. O viés de alta, no entanto, não se sustentou no Brasil e as taxas registraram baixas mais firmes entre o fim da manhã e o início da tarde. Às 11h09, a taxa do DI 2028 atingiu a mínima de 12,87%, em queda de 9 pontos-base.

"Hoje era para ser um dia ruim, (com) alta (dos yields) lá fora, dólar forte, Focus ruim", comentou durante a tarde o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano. "Mas (as taxas) chegaram até a cair", destacou, acrescentando que, após duas semanas de alta firme, as taxas pareciam buscar um ponto de equilíbrio.

A perda de força das taxas dos DIs pela manhã ocorreu em paralelo a declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante evento em São Paulo.

Campos Neto seguiu o roteiro recente de comentários, ao reforçar que medidas fiscais são importantes para o BC conseguir baixar os juros, que a missão da instituição é atingir a meta de inflação e que não há uma orientação (guidance) para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).

Na reta final da sessão, as taxas voltaram a registrar perdas um pouco maiores, em especial entre os contratos com prazos mais longos -- justamente os mais afetados pelas elevações recentes, em meio à desconfiança do mercado com a capacidade do governo Lula de controlar as contas públicas.

Na ponta curta, as apostas para o encontro de novembro do Copom praticamente não mudaram.

Perto do fechamento a curva precificava 89% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic, contra 11% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram de 90% e 10%, respectivamente.

Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 11 pontos-base, a 4,184%.

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