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Taxas curtas de juros têm forte alta e curva desinclina em reação à ata do Copom

22 jun 2021 - 17h55
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O mercado de juros reagiu fortemente à mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta terça-feira. As taxas curtas subiram bem mais do que as longas e a curva perdeu inclinação. Na leitura dos agentes, o texto mostrou que os diretores farão o que for necessário para recolocar as expectativas de inflação na meta para 2022, já tendo sido discutida a possibilidade de uma ação mais firme na Selic neste encontro de junho - leia-se aumento de 1 ponto porcentual.

O recado do colegiado não só consolidou na curva a expectativa de um aperto desta magnitude no Copom de agosto, como também lançou apostas mais agressivas, de 1,25 ponto porcentual. Cresceu a percepção de que o Banco Central, para atingir seu objetivo, tenha de levar a taxa básica para além do patamar neutro, risco que já estava de certa forma mapeado no comunicado, mas ganhou força com o documento.

Como era de se esperar, o ajuste à ata impulsionou o volume negociado na ponta curta, com o vencimento de janeiro de 2022 movimentando mais de 1 milhão, contra média diária de 523 mil nos últimos 30 dias. A taxa ficou em 5,735%, de 5,591% na segunda-feira. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 7,118% para 7,27% e a do DI para janeiro de 2025, de 8,195% para 8,23%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 8,67%, de 8,643%.

O comunicado já havia sido considerado "hawkish" (mais duro), mas a ata, na avaliação dos players, foi além. "Frente à revisão da trajetória de política monetária implícita nas suas projeções, o Comitê avaliou uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários já nesta reunião", descreveram os membros do Copom.

A opção pela alta de 0,75 ponto, levando a Selic para 4,25%, foi considerada a mais adequada, no aguardo de mais informações sobre os determinantes da inflação, como a evolução dos preços mais inerciais e o comportamento das expectativas de inflação, tanto da pesquisa Focus quanto o implícito nos preços de mercado, segundo o texto.

Na opinião do estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, enquanto o comunicado sinalizava uma "redução mais tempestiva" dos estímulos em caso de deterioração das expectativas, a ata sugere que isso pode acontecer caso não haja uma efetiva melhora.

No Boletim Focus divulgado na segunda-feira, a mediana das previsões para 2022 continuou em 3,78%, mas isso pode não ser o suficiente para evitar que o BC acelere o passo. "Acho que não elevaram já em junho por uma questão de comunicação. Talvez queriam preparar antes o espírito do mercado, mas vejo o BC muito preocupado com as expectativas, mesmo estando a sua própria na meta para 2022", afirmou.

Na curva, a precificação dos DIs no período da tarde desta terça era de 110 pontos-base de aumento na Selic no Copom de agosto, ou seja, 60% de probabilidade de avanço de 1 ponto e 40% de chance de aperto de 1,25 ponto. Para o fim de 2021, a curva projetava Selic de 7,40% e para o fim de 2022, de 8,79%. Os cálculos são do Banco Mizuho.

A ata provocou uma série de revisões nas estimativas de Selic para o fim de 2021 e 2022 também nos Departamentos Econômicos, algumas para além do chamado nível neutro de 6,5%, casos da Asa Investments e do BofA, que revisaram suas previsões de 6,5% para 7% no fim de 2021. O Banco Fibra elevou de 6% para 6,5% a projeção para 2021 e de 7% para 7,5% a de 2022.

Estadão
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