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Taxas completam quatro sessões em queda e curva perde inclinação na semana

27 nov 2020 - 18h58
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Os juros deram sequência ao movimento dos últimos dias e voltaram a fechar em baixa, pela quarta sessão consecutiva. O noticiário e agenda estiveram mais movimentados pela manhã, mas foi à tarde que os fatores técnicos se impuseram e as taxas renovaram mínimas, atribuídas à aceleração do desmonte de posições tomadas, em boa medida formadas em razão da piora da percepção de risco fiscal nas últimas semanas. O quadro das contas públicas não teve mudanças, mas o mercado parece ter dado novo voto de confiança à equipe econômica, que reagiu às críticas de que o governo estaria parado enquanto o País precisa urgentemente das medidas fiscais. A sinalização dada ontem pelo resultado do leilão do Tesouro foi positiva e ainda repercute sobre a curva, que também tem se beneficiado da demanda de investidores estrangeiros. Os vencimentos de longo prazo foram os que mais caíram na semana, resultando em perda de inclinação.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 voltou a fechar abaixo de 5% pela primeira vez desde o dia 19 (4,98%), aos 4,93% (regular) e 4,94% (estendida), de 5,016% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2022 terminou a regular e a estendida em 3,27% e 3,28%, de 3,315% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,825% para 6,70% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 7,49% (regular) e 7,50% (estendida), de 7,604% ontem.

"Temos um contexto levemente mais positivo, embora sem novidades significativas", resumiu o economista-chefe da Infinitu Asset, Jason Vieira, citando como exemplos o câmbio bem comportado e dados econômicos favoráveis esta semana. Hoje, a despeito da abertura vista como ruim, a Pnad Contínua trouxe taxa de desemprego no trimestre até setembro de 14,6%, abaixo da mediana das estimativas (14,8%), na sequência de um saldo positivo do Caged surpreendente ontem, com cerca de 395 mil vagas em outubro. A semana contou ainda com déficit do governo central menor do que o esperado, superávit de conta corrente e arrecadação de receitas acima da mediana das previsões.

Em Brasília, os ruídos políticos diminuíram, com o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, ontem, em entrevista ao Broadcast, tentando desfazer um suposto mal-estar com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O ministro disse que tem "imenso apreço pessoal" e "enorme admiração" pelo presidente do Banco Central e "zero" descontentamento com Campos Neto e, ainda, que ele está fazendo um "belíssimo" trabalho no comando do BC.

Esse contexto, com a ajuda dos investidores estrangeiros que, além de marcarem presença na Bolsa parecem também agora estar buscando a renda fixa, tem se sobreposto aos fatores negativos, como por exemplo a escalada da inflação e a retomada da curva ascendente dos casos de Covid no País. O IGP-M de novembro, que saiu hoje, acelerou a 3,28%, ante mediana de 3,19%, com alta de 24,52% em 12 meses. "Estou impressionado com o janeiro de 2022. Mesmo com o IPCA do jeito que está, os investidores estão 'batendo' (aplicando)", disse um gestor.

Estadão
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