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Sonho de 'refúgio' em meio à pandemia faz crescer a busca por terrenos

Após período difícil, loteadoras veem novo cenário no pós-pandemia, que incentiva mudança para o interior, o que fez total de terrenos disponíveis cair 33% em um ano; setor vê alta de 10% nas vendas para 2021

20 jun 2021 - 18h06
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Após encolher no ano passado em meio aos efeitos da pandemia na atividade econômica, o mercado de terrenos residenciais deve voltar a crescer este ano sustentado pela mudança de hábitos da população. O sonho de se mudar para o interior ou de, pelo menos, ter um "refúgio" fora da capital está alimentando uma expectativa de crescimento de 10% para o setor, segundo Caio Portugal, presidente da Aelo, associação das empresas de loteamento e desenvolvimento urbano.

A retomada vem depois de um período difícil - no ano passado, o recuo nas vendas foi de 4% -, que fez o setor colocar o pé no freio dos lançamentos. Por outro lado, a combinação de aumento da demanda, sem aumento correspondente da oferta, fez com que o estoque de terrenos caísse bastante. De 2018 para cá, o total de lotes disponíveis recuou à metade: de 125,4 mil para 67,4 mil. Só no ano passado, a queda foi de 33%, de acordo com a Aelo. A alta na procura já começa a se refletir nos preços.

Parte desse movimento está relacionada ao vácuo deixado pelas grandes loteadoras na última década, como Alphaville Urbanismo, Scopel e Cipasa. Essas companhias chegaram a ter dezenas de canteiros de obras abertos ao mesmo tempo Brasil afora. No entanto, amargaram prejuízos com a crise de 2014 e tiveram de enxugar as operações. A Alphaville, recentemente, vem apostando no loteamento com a construção de casas pré-fabricadas, ainda para clientes de alta renda.

Vácuo competitivo

"O estoque hoje (de terrenos no País) é uma piada, ele despencou. É um dos níveis mais baixos desde que o mercado de loteamentos se profissionalizou", afirma Fábio Tadeu Araújo, sócio da consultoria Brain. E ele diz que a crise que envolveu as grandes loteadoras, a partir da metade da década passada, deve dificultar a mudança desse cenário. "Não tem mais competidores nacionais relevantes no setor de loteamentos. É um mercado que começou a depender mais das empresas regionais", diz o consultor.

A escassez de terrenos no mercado já estimula alguns projetos de porte reduzido a retomarem os lançamentos. É o caso da Urba, loteadora do grupo MRV. A companhia tem meta de lançar entre 4 mil e 4,5 mil lotes em 2021, o que representará um salto considerável em relação a 2020, quando ofertou apenas 250 unidades. Nos próximos cinco anos, as metas são mais ambiciosas, com previsão de 15 mil novos lotes por ano.

"O setor de loteamentos tem bastante procura dos consumidores, principalmente no interior do País. Mas ainda é um segmento pulverizado, com muitas empresas locais. Então, nos deu 'um clique' de que faz sentido avançar", diz a presidente da Urba, Érika Matsumoto.

Estadão
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