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Secretário apostou 'almoço na churrascaria' por PIB positivo

Previsão de Adolfo Sachsida foi feita em 2019, antes da pandemia; o IBGE informou nesta quarta que a atividade econômica recuou 4,1%

3 mar 2021 - 11h45
(atualizado às 11h50)
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No dia 31 de dezembro de 2019, antes da pandemia do coronavírus, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, apostou, no Twitter, que a economia brasileira cresceria "igual ou acima de 2,5%" em 2020, valendo um "almoço na churrascaria".

Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica do Ministério da Economia
Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica do Ministério da Economia
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil / Estadão Conteúdo

Na época, casos da doença já haviam sido registrados na China, mas ainda não era sabido o estrago que a contaminação faria por todo o mundo. A última pesquisa feita pelo Banco Central em 2019 com analistas de mercado apontava uma estimativa de crescimento de 2,3% no PIB brasileiro do ano passado. Nesta quarta-feira, 3, o IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 4,1% no ano passado.

Atropelada pela pandemia, a previsão do secretário acabou virando piada nas redes sociais e até um evento no Facebook foi criado em que 522 pessoas, entre elas economistas, demonstraram interesse em participar do "Almoção na churrascaria pago pelo Adolfo Sachsida". "Quem foi que disse que não existe almoço grátis?", brinca a descrição do evento, em referência à frase popularizada pelo economista americano Milton Friedman (1912-2006), que expressa a ideia de que é impossível conseguir algo sem dar nada em troca.

Ao longo do ano, com o coronavírus chegando ao Brasil em uma onda crescente, mercado e equipe econômica foram ajustando suas projeções. Em maio do ano passado, Sachsida era mais pessimista do que os analistas, e esperava uma queda de 4,7% do PIB brasileiro, enquanto o Focus estimava retração de 4,11%. No início do ano passado, instituições internacionais projetavam quedas muito maiores - o Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a prever queda de 9,1% e, o Banco Mundial, de mais de 8%.

Em setembro, a previsão da secretaria foi mantida em queda de 4,7%, enquanto os analistas ouvidos pelo Focus esperavam queda de 5,52%. Em novembro, a equipe econômica continuou mais otimista, esperando um recuo de 4,5%, ante 4,66% do Focus.

Em entrevista coletiva naquele mês, Sachsida chegou a dizer que a possibilidade de uma segunda onda de coronavírus no Brasil era "baixa" porque, segundo ele, vários Estados estariam caminhando para a chamada "imunidade de rebanho". A nova previsão também foi alvo de críticas, e o secretário acabou pedindo desculpas em janeiro deste ano por ter falado do tema fora da seara econômica. " "Foi um erro meu ter falado sobre segunda onda, aproveito a oportunidade para me desculpar", disse.

Na terça-feira, 2, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o PIB cairia abaixo de 4%, baseado nas últimas previsões da equipe, que apontavam uma queda de 3,95% na economia brasileira. O número acabou ficando próximo ao recuo de 4,1% divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira.

Estadão
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