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Seca reduz principal safra de milho do Brasil, falta de chuva preocupa

2 mai 2018 - 17h54
(atualizado às 18h03)
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A segunda safra de milho do Brasil, a principal do país, registrou perda de produtividade devido à seca, e a situação tende a se agravar diante de chuvas deficitárias previstas para importantes regiões produtores na primeira quinzena de maio, de acordo com especialistas.

Homens trabalham em montanha de milho estocado em Sorriso, Mato Grosso, Brasil
26/07/2017
REUTERS/Nacho Doce
Homens trabalham em montanha de milho estocado em Sorriso, Mato Grosso, Brasil 26/07/2017 REUTERS/Nacho Doce
Foto: Reuters

O Brasil, segundo exportador global de milho, deverá produzir 60,52 milhões de toneladas do cereal na segunda safra da temporada 2017/18, estimou nesta quarta-feira a consultoria INTL FCStone, reduzindo em cerca de 4 por cento a previsão na comparação com levantamento divulgado em abril, devido ao tempo seco.

No estimativa de abril, a FCStone previu uma produtividade média de 5,37 toneladas por hectares, volume que foi reduzido agora para 5,15 toneladas por hectare. Para a FCStone, a segunda safra responde por cerca de 70 por cento da produção total do milho do país.

"Houve diminuição do potencial de produtividade em grandes Estados produtores, como Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná", afirmou a consultoria em nota.

Como ocorreram atrasos no plantio, uma parte importante das lavouras enfrentou estiagem na segunda quinzena de abril em fases importantes de desenvolvimento, em que bons volumes de água são necessários.

"A segunda quinzena foi bem seca e tem pouca previsão para primeira quinzena de maio. Tem algumas regiões com sinal amarelo aceso", destacou o analista Adriano Gomes, da consultoria AgRural, evitando falar de perdas significativas por ora.

Segundo ele, a situação deve piorar em Estados como Goiás, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul, se não chover daqui para frente.

O agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos, afirmou que a situação do milho safrinha é "desastrosa" no Paraná, segundo produtor brasileiro do cereal.

"Estava ruim 15 dias atrás, agora é desastrosa. Pior região é Paraná e São Paulo... Além de não estar chovendo, não vai ter chuva. Se chovesse uma semana atrás a quebra no Paraná ia ser zero", comentou Santos.

Após um seco mês de abril, maio começa com perspectivas de pouca chuva em importantes regiões produtoras na comparação com a média histórica, segundo dados do terminal Eikon, da Thomson Reuters.

No Paraná, há regiões em que vai chover cerca de 70 milímetros a menos do que o normal até meados do mês, enquanto em Mato Grosso do Sul algumas áreas terão déficit de mais de 40 milímetros.

As informações da seca têm sustentado o mercado de milho no país, cujos preços registram uma alta de mais de 35 por cento ante a mesma época da temporada passada, quando o clima colaborou e o Brasil produziu um recorde de 67,36 milhões de toneladas na safra colhida no inverno.

Segundo indicador de preço do milho Esalq/BM&FBovespa, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o cereal está oscilando próximo de 40 reais a saca, aumentando a pressão nas indústrias de ração e produtores de carnes.

EXPORTAÇÃO

No caso da primeira safra de milho 2017/18, colhida no verão, a FCStone não mudou suas previsões ante abril, mantendo a produção em 23,37 milhões de toneladas, o que representa uma queda de mais de 20 por cento frente ao ciclo anterior, em meio a uma redução no plantio.

Dessa forma, a produção total do país foi projetada pela FCStone em 83,9 milhões de toneladas, ante recorde de 97,8 milhões de toneladas de toneladas na safra passada.

Mesmo com a estimativa de uma produção menor de cereal, a FCStone espera uma elevação das exportações, estimadas em 32 milhões de toneladas, o que configuraria um novo recorde.

"A quebra da safra Argentina deve favorecer os embarques do milho brasileiro. Com isso, os estoques finais devem fechar em 11,8 milhões de toneladas, nível ainda bastante confortável", disse a analista Ana Luiza Lodi no relatório da consultoria.

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