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Se País crescer mais em 2020, emprego formal pode retomar espaço, diz economista

Para Sergio Fripo, do Insper, recuperação de setores com muita mão de obra, como o comércio e a construção civil, foram importantes para um 2019 melhor

24 jan 2020 - 13h41
(atualizado às 15h04)
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Para o professor do Insper Sergio Firpo, caso se mantenham as previsões de um crescimento da economia melhor em 2020 do que no ano passado, o trabalho informal - que bateu recordes nos últimos anos - pode ir cedendo espaço para o emprego com carteira assinada.

Nesta sexta-feira, 24, o Ministério da Economia divulgou que o Brasil encerrou 2019 com um saldo positivo de 644 mil empregos formais, o melhor resultado em seis anos. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam a maior abertura de vagas com carteira assinada desde 2013.

Na avaliação do economista, a recuperação de setores com grande emprego de mão de obra, como o comércio e a construção civil, foram importantes para um resultado do Caged melhor no ano passado. Ele lembra, no entanto, que a recuperação do mercado de trabalho ainda é lenta. A seguir, trechos da entrevista:

A geração de postos formais no ano passado surpreende?

De certa forma, já era esperado. Aos poucos, o mercado de trabalho vai melhorando. Um ponto a se considerar é que, somando com os resultados de 2018, já são quase 1,2 milhão de empregos desde a crise. O mercado de trabalho demorou para responder, porque a recessão foi muito profunda, mas está respondendo. Nos últimos anos, as empresas ficaram muito tempo sem poder crescer e houve uma reestruturação dos diferentes setores da economia.

Essa recuperação do emprego formal é sustentável?

O que estamos vendo agora é uma recuperação lenta do emprego, mas que acontece em setores que empregam bastante e que contratam pessoas de baixa qualificação, como o setor de serviços e a construção civil. Construção e comércio desempregaram muito durante a crise e agora devem voltar a empregar. É claro, é importante lembrar que o grosso da retomada da ocupação se deu pelo emprego informal e pelo trabalho por conta própria. Ainda há um longo caminho pela frente.

O que precisa ser feito para que o emprego continue se recuperando?

Se o País continuar a crescer, o emprego informal pode ir perdendo fôlego e dando espaço para o formal. O Brasil responde aos estímulos da economia internacional e estamos em uma situação de baixo crescimento mundial, o que se reflete sobre o ritmo da nossa economia. Ao mesmo tempo, há oportunidades, como taxas de juros menores ou negativas, em vários países. Há espaço desde que a gente abra caminho para mais reformas estruturais.

As reformas podem mesmo ter impacto sobre os empregos?

Sim. Tem uma reforma tributária no Congresso. Se o sistema tributário for melhorado, muitas distorções comuns no sistema vigente podem ser evitadas. Com uma boa reforma administrativa, fica mais fácil de mostrar para os investidores o compromisso do País com o equilíbrio.

A produtividade caiu nos últimos anos e alguns economistas atribuem essa queda ao avanço da informalidade. Essa tendência pode se reverter este ano?

A produtividade teve uma queda, muito por conta do emprego informal. Empresas pequenas e empregadores com mão de obra informal acabam puxando para baixo a produtividade do trabalho. Estamos estagnados nesse sentido e tem mais a ver com os problemas de falta de reformas do que com uma espera da retomada do emprego formal. O emprego informal é sempre mais improdutivo, mas não necessariamente a volta do trabalho formal significa uma melhora da produtividade.

Estadão
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