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Salários abaixo do esperado nos EUA pesam e dólar apresenta recuo generalizado

6 jul 2018 - 19h09
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O relatório de emprego dos Estados Unidos encobriu os conflitos comerciais do país com a China e proporcionou recuo generalizado do dólar. O ganho salarial abaixo da expectativa de analistas e a alta inesperada da taxa de desemprego proporcionaram a avaliação de pouca pressão na inflação salarial, o que colabora com a continuidade da visão de aumentos graduais nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar recuava para 110,43 ienes, o euro subia para US$ 1,1744 e a libra avançava para US$ 1,3272. Já o índice DXY, que mede a moeda americana contra uma cesta de outras seis divisas fortes, fechou em baixa de 0,46%, para 94,036 pontos. O Departamento do Trabalho dos EUA divulgou nesta sexta-feira que a economia do país criou 213 mil novos postos de trabalho no mês passado, acima do esperado pelo mercado (+195 mil). No entanto, outros dois indicadores frustraram as estimativas de analistas: a taxa de desemprego passou de 3,8% para 4,0% e o salário médio por hora subiu 0,19% na passagem de maio para junho, enquanto analistas projetavam ganho de 0,3%. Analistas do Goldman Sachs minimizaram a subida do desemprego, ao afirmarem que houve maior participação da força de trabalho, que se recuperou para 62,9%, próximo da banda superior da faixa entre 62,6% e 63,0% dos últimos dois anos e meio. No entanto, o ganho salarial abaixo do esperado corrobora a visão de dirigentes do Fed, de acordo com a ata da reunião de política monetária de junho, de que os salários ainda apresentam avanço moderado. O documento, divulgado na quinta-feira, mostrou, ainda, que os dirigentes comentaram que algumas distritais já viam empresas lidando com escassez de mão de obra e aumentando salários e benefícios para atrair ou reter trabalhadores, o que deu esperanças quanto aos ganhos salariais referentes a junho. "O indicador de salário médio por hora mais baixo chamou mais atenção porque destaca um ambiente de inflação salarial ainda morno", disse Audrey Childe-Freeman, estrategista-chefe da consultoria FX Knowledge. "Isso pode fazer com que alguns participantes do mercado comecem a questionar se veremos dois aumentos na taxa dos Fed funds no segundo trimestre", disse. De acordo com os contratos futuros dos Fed funds, compilados pelo CME Group, 52% dos investidores veem ao menos mais duas elevações nos juros em 2018. No cenário comercial, os EUA efetivaram a aplicação de tarifa de 25% sobre US$ 34 bilhões em produtos chineses, o que garantiu retaliação em igual tom pela China. Pequim respondeu ao comentar que Washington deu o pontapé inicial à "maior guerra comercial da história econômica". No entanto, com as ações já precificadas pelos investidores, o relatório de empregos dos EUA acabou falando mais alto nesta sexta-feira.

Estadão
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