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Risco fiscal anula queda do dólar apesar de otimismo externo

23 set 2021 - 18h23
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O dólar fechou em leve alta contra o real nesta quinta-feira, com notícias fiscais domésticas pesando sobre a confiança e retirando a moeda da queda de quase 0,9% de mais cedo, quando reagiu a sinalizações do Banco Central e ao apetite por risco nas praças globais.

O dólar à vista subiu 0,12%, a 5,3094 reais. O mercado reagiu a notícias de que o governo estaria calculando o risco de mais pressões por renovação do auxílio emergencial (e num valor maior) caso fracassem esforços em prol da reforma do Imposto de Renda (IR) e de uma solução para a conta de quase 90 bilhões de reais em precatórios para o ano que vem.

Segundo uma fonte, o governo trabalha para convencer o Senado a aprovar a reforma do IR com o argumento de que não há carta na manga da equipe econômica para financiar a expansão do programa de transferência de renda no ano que vem.

Na máxima, alcançada na última hora de negócios, o dólar foi a 5,3123 reais (+0,17%).

"É fiscal imperando sobre o diferencial de juros e ganhos nos termos de troca", disse Tatiana Nogueira, economista da XP. "Se não fosse o fiscal, o câmbio poderia estar facilmente abaixo de 5 reais", completou.

A XP projeta dólar de 5,20 reais ao fim de 2021 e de 5,10 reais no término de 2022. Nogueira afirmou que, pelos fundamentos, o dólar deveria estar mais próximo de 4,90 reais, mas que a moeda não deverá testar esses patamares enquanto o mercado não tiver sanadas as questões dos precatórios e da eleição presidencial.

Antes de fechar em alta na sessão, o dólar chegou a cair 0,88%, a 5,2566 reais, logo nos primeiros negócios.

No exterior, o índice do dólar caía 0,42% no fim da tarde, maior queda em um mês, conforme investidores deixavam a moeda de lado na esteira de um forte movimento de apetite por risco que provocou um rali nos mercados de ações, de petróleo e nos rendimentos de títulos.

No Brasil, o dólar acabou ficando descolado de boa parte de seus pares, mas operou em sintonia com o rendimento do título do Tesouro norte-americano de cinco anos, que saltava depois de na véspera o banco central dos EUA indicar que altas de juros podem ocorrer antes do esperado. Juros mais altos nos EUA tornariam o dólar mais atrativo, o que poderia dar impulso à moeda.

Embora o Banco Central do Brasil esteja no meio de um ciclo de aperto monetário, os retornos ajustados pela volatilidade seguem pressionados, ainda mais diante da percepção de alguns no mercado de que o Bacen ainda está atrás da curva de inflação, o que eventualmente poderia produzir uma Selic terminal mais baixa que a esperada pelo mercado.

O juro implícito em contratos a termo de real de um ano voltou a sofrer forte queda intradiária, indo a uma mínima de 8,06%, antes de se recuperar para 8,176% --ainda abaixo, contudo, de máximas recentes.

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