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Retomada lenta e greve elevam a inadimplência

Cresceu a dificuldade dos consumidores de pagar em dia os compromissos com bancos, financeiras, empresas de cartão de crédito, lojas e concessionárias de serviços públicos

20 jul 2018 - 05h38
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Cresceu a dificuldade dos consumidores de pagar em dia os compromissos com bancos, financeiras, empresas de cartão de crédito, lojas e concessionárias de serviços públicos. É o que mostram pesquisas recentes do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), e da consultoria Serasa Experian. A inadimplência é um fator a mais para dificultar a retomada dos negócios, indicando que as despesas já não cabem nos orçamentos das famílias.

No final do primeiro semestre de 2018, o número de consumidores inadimplentes atingiu 63,6 milhões, crescimento de 4,07% em relação a igual período de 2017, segundo a CNDL. A inadimplência vem aumentando desde o quarto trimestre de 2017, mostrando que as famílias parecem ter superestimado a velocidade de recuperação da economia, assumindo compromissos acima da sua capacidade de saldá-los.

Não basta que os juros tenham caído e que a inflação esteja dentro das metas, pois "a recuperação está mais lenta do que o esperado e as projeções mostram que teremos um segundo semestre ainda difícil para as finanças do brasileiro, afirmou o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.

Nada menos de 51% das pendências em aberto são com bancos e instituições financeiras. Entre junho de 2017 e junho de 2018, dívidas com cartão de crédito, cheque especial, financiamentos e empréstimos cresceram 7,62%. Seguiram-se as dívidas com o comércio, o setor de comunicação (telefonia e internet) e serviços de água e luz. A economista Marcela Kawauti, do SPC Brasil, recomenda aos consumidores cuidados com o efeito "bola de neve", que pode tornar ainda mais difícil o pagamento das dívidas.

Em maio, segundo a Serasa Experian, havia 61,4 milhões de consumidores inadimplentes, 0,7% mais do que em maio de 2017. Também aumentou o número de empresas que perderam faturamento na greve dos caminhoneiros e ficaram inadimplentes.

A cada dia fica mais evidente o custo para a economia decorrente do movimento paredista, em contraste com o apoio recebido da população menos atenta para as implicações da greve sobre a vida de empresas e famílias. A inadimplência resultante das estimativas frustradas das pessoas sobre a evolução da sua renda e do seu acesso a emprego é apenas parte dessa conta.

Estadão
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