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Repercussão de queimadas foi desencadeada por interesse político, diz diretor da CNA

Gedeão Pereira afirmou que crise é momentânea e que 'polêmica' em torno da Amazônia é um ataque à soberania do País; o dirigente afirmou que o agronegócio continua alinhado com as políticas ambientais de Bolsonaro

23 ago 2019 - 13h56
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O diretor de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Gedeão Pereira, disse que a reação às queimadas recentes na Amazônia é "uma crise momentânea desencadeada por interesses políticos". "As queimadas sempre existiram, principalmente nessa época do ano. Ninguém fala sobre os incêndios na Europa ou na Bolívia", disse ele ao Broadcast Agro. "Por que esse cerco ao Brasil? Não é uma reação racional."

Pereira diz que a "polêmica" em torno da Amazônia é um ataque à soberania do País. "Não queira a Europa vir dizer o que o Brasil tem de fazer. Já contamos com uma legislação ambiental muito restritiva e que é respeitada", enfatizou. Na análise de Pereira, a repercussão quanto aos incêndios florestais está ligada ao potencial de competitividade do agronegócio brasileiro.

Segundo ele, o crescimento do setor no País "incomoda" outros grandes produtores, especialmente, os europeus. "Esses ataques fervorosos aumentaram após o acordo da União Europeia com o Mercosul. Eles estão tentando contestar o nosso acesso ao mercado deles, que até então era muito protegido", argumenta.

Pereira, que também preside a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), descarta a possibilidade de retaliação ou boicote dos grandes compradores aos produtos agrícolas brasileiros. "Esse movimento é uma onda política que passa. É inimaginável boicote comercial. A alimentação no mundo depende dos nossos produtos", pontuou.

Apoio ao governo

Segundo Pereira, o agronegócio brasileiro continua alinhado com as políticas ambientais e econômicas do governo do presidente Jair Bolsonaro. "Apoiamos integralmente a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o governo Bolsonaro. Confiamos e estamos alinhados com a gestão Bolsonaro porque também estamos sendo vítimas desses ataques políticos", disse, em resposta à informação de que o setor estaria insatisfeito com a reação do governo à repercussão quanto às queimadas na Amazônia.

Ele afirmou que a CNA estava no gabinete de crise, formado na noite de quinta-feira, 22, pelo governo federal, para discutir medidas que seriam tomadas em resposta aos incêndios florestais e aos ataques ao País. Paralelamente, a entidade também se reuniu com Tereza Cristina e Ricardo Salles.

"Chegamos a um consenso de que precisamos investigar o que está sendo feito ilegalmente, porque o Código Florestal brasileiro permite a exploração de 20% de áreas da Amazônia. A questão é que precisamos descobrir e punir as práticas ilegais", afirmou. "Não compactuamos com a ilegalidade. Não apoiamos qualquer prática que possa ferir o Código Florestal. Temos uma das legislações ambientais mais restritivas do mundo, a qual o governo vai cumprir."

Pereira contou que, m videoconferência com as 27 federações estaduais, ouviu as preocupações dos produtores e alinhará as estratégias. "Precisamos estar juntos nesse momento. É a imagem do agronegócio brasileiro que está sendo atacada pelo mundo, especialmente pelos líderes europeus", argumentou. Ele disse ainda que o produtor brasileiro também é vítima das queimadas, já que os incêndios prejudicam o controle fitossanitário das lavouras e danificam o solo.

Estadão
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