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BC eleva Selic em 1,5 ponto para 7,75%

27 out 2021 - 19h57
(atualizado às 20h30)
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O Banco Central aumentou o ritmo de aperto monetário nesta quarta-feira e promoveu uma alta de 1,5 ponto percentual na Selic, para 7,75% ao ano, numa tentativa de debelar as crescentes pressões inflacionárias.

Banco Central em Brasília
 4/10/2021 REUTERS/Adriano Machado
Banco Central em Brasília 4/10/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Abaixo comentários de profissionais do mercado financeiro

JOSÉ MÁRCIO CAMARGO, ECONOMISTA-CHEFE, GENIAL INVESTIMENTOS

"Era basicamente o que uma boa parte do mercado estava esperando. Entretanto, dados os últimos acontecimentos na área fiscal, como a elevação no teto do gasto e todas as consequências que isso tem para o mercado, com desvalorização cambial, pressão sobre a taxa de juros, e pressão sobre a taxa de inflação, nossa avaliação é que esse aumento vai ser pouco efetivo no sentido de evitar uma deterioração ainda maior nas expectativas para inflação de 2022, 2023 e 2024. Na nossa avaliação, o Copom deveria ter dado pelo menos um comunicado um pouco mais duro, sinalizando que a política monetária vai ficar mais contracionista dado que a política fiscal está mais expansionista"

PATRÍCIA PEREIRA, ESTRATEGISTA-CHEFE, MAG INVESTIMENTOS

"Foi em linha com o que esperávamos, não faz o menor sentido imaginar que este BC fosse fazer 200 bps, 175 bps. Mas achei o comunicado bem econômico. A gente teve quebra fiscal relevante de uma métrica que todo mundo olhava, que tinha apuração fácil, era balizador de mercado e ele foi quebrado. Acho que a gente esperava um pouco mais de comunicação e eles foram bem econômicos."

CARLOS KAWALL, DIRETOR, ASA INVESTMENTS

"Nos parecia que era melhor ele ir para o ritmo de 200 (pontos-base de alta), repetir em dezembro, e depois alcançar 12% até março. Ao fazer em ritmo de 150 torna mais desafiador chegar perto da meta em 22. O Copom está dando uma sinalização de maior aperto monetário, minha dúvida é se isso é suficiente. A gente imagina que o risco para a próxima reunião é ele ter que subir mais o ritmo de alta. Tanto pelo movimento da inflação subjacente quanto pela incerteza fiscal. No comunicado, senti um pouco a falta de uma coisa mais dura em termos da inflação e mesmo do fiscal, embora aí eu reconheça que é extremamente delicado e o quadro é incerto, com as dúvidas em torno do avanço da PEC (dos Precatórios) no Congresso. Esperamos que a ata dessa vez traga mais novidades."

FELIPE SALLES, ECONOMISTA-CHEFE, C6 BANK

"Por ora, acreditamos que a comunicação do Copom é compatível com taxa Selic em dois dígitos ao final do ciclo de aperto monetário, ciclo mais intenso do que antecipávamos (atualmente temos 9,5% no cenário). Aguardamos a divulgação da ata da reunião para termos mais detalhes sobre os rumos futuros da política monetária e consequentemente rever nossas projeções."

RODOLFO MARGATO, ECONOMISTA, XP

"De forma geral, tanto magnitude do ajuste quanto sinalização do próprio Copom vieram com comunicação bem dentro do esperado. O que chama atenção é abordagem do balanço de risco com deterioração, com assimetria, mas não, por enquanto pelo menos, de reconhecimento de materialização de risco do lado fiscal. Em termos de cenário XP, como não houve surpresas, a gente manteve cenário de 9,25% no final de 2021, com mais uma alta de 1,5 ponto em dezembro, 1 ponto em fevereiro e última alta de 0,75 em março, com Selic chegando a 11% ao fim do ciclo de aperto monetário."

VICTOR BEYRUTI, ECONOMISTA, GUIDE INVESTIMENTOS

"Na medida em que a gente deve ter a PEC dos Precatórios avançando no Congresso e manutenção da incerteza do mercado com relação ao futuro das contas públicas, e até por sinalização do Banco Central, a gente espera nova alta de 1,5 ponto na reunião de dezembro, e não achamos que para por aí o ciclo de alta. A gente também acha que em fevereiro, na primeira reunião de 2022, a gente possa vir a ter mais uma alta de 1 ponto percentual, o que levaria a Selic para 10,25% ao ano, acima dos dois dígitos."

EMILY WEIS, ESTRATEGISTA MACRO, STATE STREET

"O BC tem sido um dos bancos centrais dos mercados emergentes mais agressivos e, ainda assim, tem pouco a mostrar em termos de convergência da inflação ou desempenho da moeda. Certamente, a política monetária atua com defasagem, mas, até o momento, as pressões sobre os preços têm sido mais persistentes do que o esperado e provavelmente receberão um impulso adicional com as medidas de estímulo propostas. A razão por trás do desempenho recente do real tem sido a incerteza política. É improvável que isso diminua tão cedo. Portanto, continuamos cautelosos quanto às perspectivas para o real no final do ano devido aos riscos em curso em torno da incerteza política e do potencial impacto sobre a inflação e a política monetária, que pode resultar em um aperto excessivo."

ALEXANDRE SCHWARTSMAN, SÓCIO-DIRETOR, SCHWARTSMAN & ASSOCIADOS

"Notamos que o BC retirou a expressão 'em menor grau' anteriormente associada a 2023 como parte do chamado horizonte relevante, ou seja, agora tanto 2022 quanto 2023 estão valorizados igualmente, lembrando que a projeção (de inflação) para este último caiu 10 pontos-base em relação à estimativa de setembro, e agora está um pouco abaixo da meta para aquele ano. Isso nos lembra que no início de 2022 o BC voltará suas armas para a inflação de 2023, portanto, as decisões de política monetária devem ser calibradas com isso em mente. Esperamos agora que a taxa básica de juros atinja mais de 10% no final do ciclo, em 10,25%-10,50% ao ano, com riscos inclinados para cima."

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