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Redução do compulsório terá impacto limitado no crédito, dizem economistas

28 mar 2018 - 21h06
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A redução das alíquotas dos recursos que os bancos são obrigados a recolher aos cofres do Banco Central terá efeito limitado na tentativa de fazer o sistema baratear a oferta de crédito, disseram economistas à Reuters.

"A demanda por crédito ainda está fraca, especialmente por parte das empresas, e dificilmente haverá uma mudança muito grande mesmo com um eventual barateamento das taxas", disse o economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou nesta quinta-feira resolução do BC para reduzir a alíquota do depósito a vista, de 40 para 25 por cento. A alíquota da poupança rural recua de 21 para 20 por cento e nas demais modalidades de poupança, a alíquota sai de 24,5 para 20 por cento.

O BC calculou que a medida deve liberar para o sistema cerca de 26 bilhões de reais.

Um economista ligado aos grandes bancos também afirmou, sob condição de anonimato, que o impacto da medida será limitado, já que libera o equivalente a apenas 5 por cento do total de compulsórios.

"Adicionalmente, o sistema hoje está bastante líquido, sem problema para ofertar crédito", afirmou.

O juro básico da economia, Selic, vem caindo às mínimas da história, enquanto o país começa a sair de sua maior recessão. Na semana passada, o BC reduziu a taxa para 6,5 por cento ao ano e indicou que pode cortá-la novamente em maio.

Ainda assim, a autoridade monetária divulgou nessa semana que os juros médios no segmento de recursos livres subiram de 41,1 para 42,2 por cento entre janeiro e fevereiro. E o spread — a diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos do consumidor — subiu de 32,9 pontos a 34,1 pontos percentuais no mesmo período.

Segundo um executivo de um grande banco privado do país, o que o BC fez foi um tentativa de "vitaminar" o efeito do corte da Selic, uma vez que essa via do afrouxamento monetário parece não estar sendo suficiente para acelerar a economia.

"Como a inflação está muito baixa, o risco potencial do aumento do volume de moeda em circulação é calculado", disse essa fonte. "Mesmo que os bancos não transformem esse maior volume de recursos em crédito, o BC pode tirar o excesso de circulação remunerando-o a custo hoje baixo", completou.

Em nota, o presidente-executivo do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, afirmou que a redução do compulsórios "beneficia os consumidores e as empresas, por estimular o aumento da oferta de crédito pelos bancos (...) aumenta a liquidez das instituições financeiras e contribui para a retomada do crescimento econômico."

Para Padovani, mais do que o simples estímulo monetário, o BC pode estar aproveitando o momento para alinhar a política de compulsórios aos níveis internacionais.

"Há muito tempo há um entendimento de economistas de que as exigências de compulsórios no Brasil são uma distorção; mas o BC não poderia ajustar isso num momento de alta atividade econômica", disse o economista do Banco Votorantim. "Fez isso agora que a inflação e a atividade econômica estão baixos, e não havia momento melhor para fazer."

MAIS LUCRO

Em relatório, analistas do Credit Suisse avaliaram que a medida pode resultar em um aumento de 2,4 do lucro anualizado do Banco do Brasil, 1,2 por cento para o Banrisul, 0,8 por cento para o Bradesco, 0,7 por cento para o Santander Brasil e 0,3 por cento para o Itaú Unibanco.

O cálculo considera a aplicação dos recursos extras pelos bancos em títulos públicos em títulos públicos, com remuneração referenciada na Selic.

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