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Realização de lucros global contamina Ibovespa

10 jan 2019 - 10h59
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A depender do exterior, a Bolsa brasileira pode devolver um pouco os ganhos dos últimos dias. Na quarta-feira, renovou recorde histórico de fechamento, ao alcançar 93 mil pontos. Na manhã desta quinta-feira, 10, o Ibovespa iniciou em queda, acompanhando o mercado acionário europeu, os índices futuros de Nova York e as commodities. Contudo, o movimento de baixa no mercado à vista local pode ser moderado, segundo economistas, dado o cenário considerado ainda animador no Brasil, em meio à expectativa de avanço na reforma da Previdência.

Às 10h37, o Ibovespa cedia 0,46%, aos 93.182,41 pontos.

Lá fora, o clima ainda é de cautela quanto à possibilidade de esfriamento da economia mundial e em meio aos debates acerca da relação comercial entre Estados Unidos e China. O economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria Integrada, observa que há fatores de preocupação presentes no radar, como as perspectivas de piora para as principais economias neste ano, sentimento que foi alimentado nesta quinta pela inflação abaixo do esperado na China.

Nos EUA, acrescenta em nota o especialista, a situação política segue se agravando, sem sinais de avanços nas negociações para o encerramento da paralisação parcial do governo de Donald Trump. "A busca de um equilíbrio entre a melhora recente e os riscos ainda existentes favorece uma correção moderada hoje", estima Campos Neto.

Na quarta, as bolsas norte-americanas tiveram o quarto pregão consecutivo de alta. Na Europa não foi diferente. "Só que hoje, os índices acionários começaram o dia fracos. Pode ser que tenha espaço para uma realização de lucros por aqui também, mas tem de aparecer investidor estrangeiro para retirar dinheiro, o que não está sendo muito fácil", avalia o economista-chefe da ModalMais, Álvaro Bandeira.

O retorno do investidor do exterior para a Bolsa brasileira continua atrelado ao avanço das medidas fiscais, reforça Bandeira. O economista acrescenta que o governo precisa ser ágil em indicar o que de fato fará para a economia, e não somente anunciar medidas relacionadas, por exemplo, a porte de armas. "Precisa definir se irá aproveitar a reforma da Previdência da gestão anterior, se vai 'poluir' a proposta usando a criação de capitalização", diz.

O economista explica que o sistema de capitalização citado pela equipe econômica para a reforma previdenciária do governo de Jair Bolsonaro não deveria ser inserido no debate atual pois pode retardar o avanço do mesmo. "Isso pode demorar muito mais", avalia.

De todo modo, Bandeira pondera que mesmo com as incertezas externas e em relação à Previdência no radar, ainda há um quadro de mais otimismo. "O mercado está com maior apetite a risco. Por isso, pode até acontecer de o Ibovespa subir de novo. Algumas ações subiram fortemente, caso da Petrobras. Pode ser que tenha alguma realização", acrescenta. Na quarta, o papel ON da estatal fechou com alta de 2,20%, enquanto a ação PN avançou 2,08%.

O economista, porém, lembra que, nesta quinta, são esperadas declarações de alguns dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) que podem mudar o rumo dos negócios por aqui.

Estadão
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