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Promotores japoneses querem que Carlos Ghosn assine confissão, diz filho do executivo

Em entrevista, filho de ex-diretor da Nissan disse que as pessoas ficarão surpresas quando seu pai narrar sua versão em tribunal

6 jan 2019 - 17h41
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Paris - O filho do ex-diretor-executivo da Nissan Carlos Ghosn disse em uma entrevista publicada neste domingo, 6, que as pessoas ficarão surpresas quando seu pai, preso desde 19 de novembro por supostamente falsificar relatórios financeiros, narrar sua versão dos acontecimentos para um tribunal de Tóquio na próxima terça-feira.

Segundo o filho do executivo, Anthony, os promotores japoneses querem que Ghosn assine uma confissão de má conduta financeira.

Ele disse ao Journal du Dimanche que seu pai - que permanecerá detido até pelo menos 11 de janeiro - terá 10 minutos para falar em audiência, realizada a seu próprio pedido. "Pela primeira vez, ele poderá falar sobre sua versão das alegações contra ele", afirmou. "Acho que todos ficarão bastante surpresos ao ouvir sua versão da história. Até agora, só ouvimos os acusadores".

O filho não tem contato direto com o pai e recebe informações via advogados. Segundo Anthony Ghosh, seu pai, que por décadas foi uma figura reverenciada na indústria automotiva global, perdeu cerca de 10 quilos, mas "resiste". Ghosn se recusa a desabar, disse, alegando que ele seria libertado se ele admitisse culpa. " Mas há sete semanas, sua decisão é bem clara ... Ele não vai dar ceder", afirmou.

Ghosn também é acusado de violação grave de confiança ao transferir prejuízos com investimentos pessoais para a empresa, da qual foi afastado como presidente do conselho de administração.

Durante a entrevista, Anthony Ghosn afirmou que o pai lutaria para limpar seu nome. Perguntado se seu pai falava japonês, ele disse que não. "O paradoxo é que a confissão que eles querem que ele assine está escrita exclusivamente em japonês."

A prisão de Ghosn marcou uma dramática queda para o líder empresarial que um dia foi exaltado por resgatar a Nissan à beira da falência.

Contrariando descrições feitas pela mídia, Anthony Ghosn insistiu que seu pai "não é obcecado por dinheiro". "Ele sempre nos disse que o dinheiro é apenas um meio para ajudar aqueles que você ama, mas não um fim em si mesmo."

Ghosn é acusado de não registrar adequadamente pagamentos recebidos da empresa em cerca de 5 bilhões de ienes (US$ 44 milhões) entre 2011 e 2015. Ele liderou a Nissan Motor Co. por duas décadas e ajudou a salvar a montadora japonesa de uma possível falência.

Outro executivo da Nissan, Greg Kelly, foi preso por suspeita de colaborar com Ghosn na ocultação de renda e foi libertado 25 de dezembro, após pagamento de fiança.

Estadão
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