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Produtores de soja em Goiás aceleram plantio para evitar perda de produtividade

30 out 2017 - 15h53
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Produtores de soja de Goiás estão correndo contra o tempo para tirar o atraso no plantio e garantir a semeadura da safra 2017/18 dentro da janela ideal, até por volta de 10 de novembro, evitando assim possíveis perdas de produtividade, disse o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faeg), Pedro Arantes.

"Os produtores estão plantando dia e noite, a todo vapor. Acredito que nos últimos cinco dias tenham avançando uns 10 pontos percentuais no plantio. Se tudo correr bem, até 10 de novembro vai estar tudo liquidado, sem prejudicar a produtividade. Quanto mais o produtor atrasar, mais ele perde em produtividade", afirmou à Reuters.

Até quinta-feira da semana passada, apenas 6 por cento da área prevista havia sido plantada com a oleaginosa em Goiás, ante 42 por cento há um ano e 28 por cento na média de cinco anos, segundo o boletim mais recente da consultoria AgRural.

Os dados indicam que o Estado, quarto maior produtor nacional, está com o plantio mais atrasado entre os grandes produtores do país.

O atraso é reflexo direto do menor volume de chuvas neste ano na região. Tanto que os produtores do sudoeste goiano, responsáveis pelo pouco do que foi semeado até o momento, terão de fazer o replantio em algumas áreas, em função de problemas de germinação devido ao tempo seco, disse Arantes.

"Há anos em que já estamos com quase tudo plantado em outubro, uns 80 por cento, sobrando pouca coisa para novembro... Mas neste mês eu diria que choveu entre 10 e 15 por cento do normal", destacou o consultor técnico.

A regularidade das chuvas nos últimos dias, mesmo que em volumes modestos, até reanimou os produtores, mas a manutenção dessa condição climática é necessária para que o rendimento das lavouras não seja de fato comprometido.

"Para ainda conseguir uma boa safra, Goiás precisa de duas coisas nesta virada de outubro para novembro: melhora da umidade do solo e rapidez no plantio", afirmou a AgRural em relatório divulgado nesta segunda-feira.

"E depois, claro, clima favorável para o desenvolvimento das lavouras. Isso significa que a safra de Goiás, apesar do atraso, ainda pode ser boa. Mas precisa chover logo", concluiu a consultoria.

Essa não é a primeira vez que Goiás chega ao fim de outubro com percentual tão baixo de plantio.

Segundo a AgRural, o mesmo ocorreu em 2014/15 e 2015/16, mas com desfechos diferentes: enquanto no primeiro caso a seca persistente derrubou a produtividade, no segundo o retorno das chuvas a tempo garantiu a recuperação das lavouras, mesma expectativa de agora.

Pela previsão do Agricultura Weather Dashboard, do terminal Eikon da Thomson Reuters, Goiás receberá de 70 a 120 milímetros de chuvas até 10 de novembro, a depender da região.

Goiás deve colher cerca de 10,5 milhões de toneladas de soja na safra 2017/18, abaixo das 11,4 milhões de toneladas do ciclo anterior, quando o clima foi considerado como "perfeito", segundo estimativas da Faeg. A projeção da federação foi realizada antes mesmo da seca.

RISCOS

Embora as perspectivas para a produtividade de soja se mantenham até o momento em Goiás, o atraso no plantio neste ano pode acarretar em outros problemas.

Segundo Arantes, a semeadura mais lenta tende a retardar a colheita, que ocorre durante o verão, impactando o plantio da segunda safra milho ("safrinha"), já que esta ficaria fora da janela ideal de chuvas.

Além disso, a área plantada com soja suscetível a adversidades climáticas será maior neste ano, já que o plantio concentrado nos últimos dias deixará as lavouras em condições de desenvolvimento semelhantes em boa parte do Estado.

"Se der azar de pegar um veranico no momento da floração, da formação da vagem, vai pegar uma grande quantidade de área", explicou Arantes.

A área plantada com soja no Estado deve crescer de 2 a 3 por cento, para 3,35 milhões de hectares, com as lavouras avançando sobre plantações de milho no verão, ainda segundo a Faeg.

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