Privatização de ativos da elétrica CEEE deve ser concluída até 2021, diz CEO
A privatização de ativos da estatal gaúcha de energia CEEE deve ser concluída até o primeiro trimestre de 2021, com a venda da unidade de distribuição do grupo ainda neste ano e dos negócios de geração e transmissão provavelmente no próximo, disse nesta quarta-feira o presidente da companhia, Marco Soligo.
Em teleconferência com acionistas, o executivo disse ainda que tem havido evolução em trabalhos para separar os ativos da unidade de geração e transmissão, CEEE-GT, em duas empresas, uma focada em cada negócio.
O leilão de desestatização da empresa de distribuição do grupo, CEEE-D, deve acontecer até o final de 2020, enquanto os ativos da CEEE-GT devem ser privatizados até o início de 2021, acrescentou Soligo.
"A distribuidora queremos em dezembro", afirmou o executivo, em resposta a uma pergunta de analista na teleconferência.
Ele disse ainda que a empresa até desejaria antecipar a venda dos negócios de transmissão para este ano, mas essa hipótese hoje parece pouco provável.
"Se nós pudéssemos antecipar (a venda dos ativos) da transmissão, nós o faríamos, até isso é algo que a gente ainda persegue, trabalha para, mas acho difícil, vai acabar ficando para o ano que vem", acrescentou.
"TEM QUE PRIVATIZAR"
A CEEE Distribuição fechou o segundo trimestre com prejuízo líquido de 518,4 milhões de reais, contra perdas de 227,2 milhões no mesmo período do ano passado. No primeiro semestre, o resultado foi negativo em 1 bilhão, contra 464,8 milhões no ano anterior.
A empresa é responsável pelo serviço de energia em 72 municípios do Rio Grande do Sul.
A CEEE-GT, com usinas principalmente hidrelétricas e linhas de transmissão, teve lucro de 184,35 milhões de reais entre abril e junho, 125% mais que no mesmo período de 2019.
Nos primeiros seis meses do ano, o resultado foi positivo em 87,3 milhões de reais, recuo ante 176,6 milhões no ano passado.
O presidente do grupo CEEE defendeu que os resultados evidenciam a necessidade de mudança de controle nas empresas.
"Quero passar uma mensagem de convicção para a sociedade do Rio Grande do Sul, da necessidade de desestatização desse grupo econômico. Não é possível que milhões de pessoas convivam com uma companhia que tem um déficit de 1 bilhão (de reais) por ano", disse Soligo.
"Quantos hospitais você não faz, quantas escolas, quantas estradas, quanto bem você não faz (com 1 bilhão)?", acrescentou.
O executivo destacou ainda que o aperto financeiro gera riscos de que a empresa possa no futuro ter sua concessão de distribuição cassada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por descumprimento de exigências regulatórias.
"Tem que ser privatizado para o bem da sociedade, senão a concessão vai ser cassada. E aí você fica com todos passivos e nenhum ativo, é um processo muito mais traumático", afirmou.
Em caso de revogação de concessão, o governo e a Aneel devem promover um leilão para encontrar nova empresa interessada em assumir os serviços de distribuição da empresa alvo da punição.