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IPCA-15, prévia da inflação, atinge 0,59% em maio, maior para o mês desde 2016

Taxa fica em 12,20% no acumulado de 12 meses; fim da cobrança extra sobre as contas de luz impediu um resultado maior

24 mai 2022 - 09h13
(atualizado às 13h33)
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RIO - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial no Brasil, foi de 0,59% em maio. Apesar da trégua na conta de luz, as famílias gastaram mais com saúde, transportes e alimentos, elevando o resultado para o maior patamar para o mês desde 2016, quando ficou em 0,86%, segundo os dados divulgados nesta terça-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado superou a previsão mediana de 0,45% dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Estadão/Broadcast, que esperavam uma alta de 0,28% a 0,70%. A taxa acumulada em 12 meses acelerou de 12,03% em abril para 12,20% em maio, a mais elevada desde novembro de 2003.

A meta de inflação perseguida pelo Banco Central (BC) para este ano é de 3,50%, com intervalo de 2,00% a 5,00%. No ano passado, a inflação foi de 10,06%, quase o dobro do teto de tolerância de 5,25% perseguido pela autoridade monetária brasileira, que tinha como meta um IPCA de 3,75%.

No mês de maio, o fim da cobrança extra sobre as contas de luz impediu um resultado ainda maior. Por outro lado, pesaram sobre o orçamento das famílias os aumentos nos medicamentos, itens de higiene pessoal, passagens aéreas, combustíveis e alimentos.

"O resumo é que há uma melhora do IPCA-15 na margem em maio, concentrada na deflação dos preços de energia elétrica", disse a economista-chefe da gestora de recursos Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, que espera, por ora, um IPCA de 0,50% no fechamento do mês de maio. "À frente, a gente ainda tem um cenário complicado quando olha para a alimentação, serviços e para os bens industriais."

Oito dos nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram aumentos em maio: Transportes (1,80%), Comunicação (0,50%), Alimentação e bebidas (1,52%), Vestuário (1,86%), Educação (0,06%), Artigos de residência (0,98%), Despesas pessoais (0,74%) e Saúde e cuidados pessoais (2,19%).

"Este número demonstra consumo e repasse de preços bastante intensos que podem ser explicados por renda extra, seja por salários com reajustes acima da inflação, como também por medidas de estímulo, por exemplo, saques FGTS", avaliou a estrategista Andréa Angelo, da corretora Renascença DTVM, em nota.

A alta de custos de Saúde e cuidados pessoais resultou em uma contribuição de 0,27 ponto porcentual para o IPCA-15 do mês. O desempenho foi influenciado pela elevação nos preços dos produtos farmacêuticos (5,24%), após o reajuste de até 10,89% autorizado pelo governo, e dos itens de higiene pessoal (3,03%).

Os dois itens puxam a lista de maiores impactos sobre a inflação do mês: produtos farmacêuticos (com 0,17 ponto porcentual), higiene pessoal (0,11 ponto porcentual), passagem aérea (alta de 18,40% e impacto de 0,09 ponto porcentual), gasolina (alta de 1,24% e impacto de 0,08 ponto porcentual) e etanol (aumento de 7,79% e impacto de 0,07 ponto porcentual).

Em alimentação, os destaques foram os aumentos no leite longa vida (7,99%) e na batata-inglesa (16,78%), mas houve altas ainda em outros itens importantes na cesta de consumo dos brasileiros, como a cebola (14,87%) e o pão francês (3,84%). Por outro lado, ficaram mais baratos as frutas (-2,47%), tomate (-11%) e cenoura (-16,19%).

A única deflação em maio foi a do grupo Habitação (-3,85%).

Mudança na bandeira tarifária

A taxa do IPCA-15 teria sido mais que o dobro do registrado, não fosse a queda na conta de luz. A energia elétrica recuou 14,09% em maio, devido à mudança na bandeira tarifária, o que deteve o IPCA-15 de maio em -0,69 ponto porcentual. A partir de 16 de abril, passou a vigorar a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz, em substituição à bandeira Escassez Hídrica, que acrescentava R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, em vigor desde setembro de 2021. Apesar da melhora, foram captados impactos de reajustes tarifários em Fortaleza, Salvador e Recife.

Ainda em Habitação, houve aumento de 0,81% no gás encanado, em consequência do reajuste aplicado no Rio de Janeiro em 1° de maio. A taxa de água e esgoto subiu 0,55%, decorrente do reajuste em São Paulo em 10 de maio.

O IPCA-15 de maio foi decorrente de aumentos de preços em todas as 11 regiões pesquisadas. A taxa mais branda ocorreu em Curitiba (0,12%), enquanto a maior variação foi registrada em Fortaleza (1,29%).

Estadão
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