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Preço do petróleo sobe após ataque dos Estados Unidos contra aeroporto de Bagdá

Altas no mercado asiático atingiram mais de 4%; investidores e mercado ficaram preocupados com a possibilidade de a situação atrapalhar o fornecimento de petróleo

3 jan 2020 - 00h35
(atualizado às 09h14)
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Os preços do petróleo entraram em choque e subiram mais de 4% depois que um ataque aéreo dos Estados Unidos matou na última quinta-feira, 02, o general iraniano Qasem Suleimani, chefe da Guarda Revolucionária do Irã. Com a ação, surgiu no mercado a preocupação de que a crescente tensão no Oriente Médio possa atrapalhar o fornecimento de petróleo.

Nesta sexta-feira, 03, a cotação nas bolsas da Ásia e Austrália, dispararam após o anúncio do ataque.Um barril de 'petróleo doce leve', que recebe esse nome devido às baixas concentrações de enxofre, é agora encontrado no mercado por U$S 63,84, em uma valorização de 4,3%. Já o Brent, um tipo de petróleo cru que é referência na Europa, tem seu barril cotado no mercado asiático a U$S 69,16, uma alta de 4,4%.

Os contratos futuros de petróleo, um dos ativos mais negociados nas bolsas mundiais, também tiveram alta de US$ 1,23 com a morte de Suleimani. Antes do ataque, eles eram avaliados em US$ 67,48 por barril. O mesmo aconteceu com o petróleo bruto do tipo West Texas Intermediate (WTI), que subiu US$ 1,03 e passou a valer US$ 62,21 por barril.

A notícia do ataque somada aos altos preços do mercado global, fez crescer o receio de que talvez possa acontecer um desabastecimento no petróleo a nível mundial. "Uma enorme onda de incerteza chegou às mesas dos investidores", disse o especialista de mercado Jeffrey Halley, à AP.

Problemas no fornecimento trariam grandes consequências para todos. O petróleo doce leve, por exemplo, é extremamente importante para a produção de gasolina, sendo amplamente utilizado por grandes nações como China e Estados Unidos. No entanto, mesmo em meio ao caos do mercado, países produtores de petróleo, como a Malásia e a Indonésia, estão aproveitando a situação para lucrar.

O ataque

Suleimani foi morto durante uma ação da força aérea americana a um aeroporto em Bagdá. Ele era um dos militares mais poderosos do grupo, considerado terrorista pelos Estados Unidos e Israel. O número 2 da milícia, Abu Mehdi Al-Muhandis, também morreu. A informação foi confirmada pelo Pentágono na quinta. O ataque ocorreu sob o comando do presidente americano, Donald Trump.

Os Estados Unidos e o Irã estão em rota de colisão há anos - por causa da influência iraniana no Iraque, o programa nuclear do país e outros assuntos - e as tensões se intensificaram durante o governo de Trump, que se retirou do acordo nuclear firmado em 2015 e impôs sanções devastadoras contra Teerã.

Os ataques aéreos ocorrem num momento particularmente tenso no Iraque, onde a ira contra a intromissão estrangeira já era intensa. O principal clérigo xiita do país, o Grande Aiatolá al-Husseini al-Sistani, advertiu que o Iraque não deve se tornar "um campo para acertos de contas internacionais", e o primeiro ministro Adel Abdul-Mahdi qualificou os ataques aéreos de violação da soberania iraquiana.

Escalada de tensão

Autoridades dos Estados Unidos afirmaram na sexta-feira, 27, que mais de 30 foguetes foram lançados contra uma base militar iraquiana perto de Kirkuk, ao norte do Iraque, matando um empreiteiro dos EUA e ferindo quatro americanos e dois soldados iraquianos. Eles acusaram a milíciaKataib Hezbollah, financiada pelo Irã, de perpetrar o ataque. Líderes da milícia negaram o envolvimento do grupo.

Depois de ameaças no Twitter, Trump disse que não queria uma guerra contra o Irã. No entanto, no domingo, 29, o Exército americano lançou ataques aéreos contra a milícia, matando 25 membros do grupo, no que o secretário de Estado, Mike Pompeo, qualificou como "uma resposta decisiva". Ele disse que os EUA "não vão tolerar que a República Islâmica do Irã perpetre ações que colocam homens e mulheres americanos em risco".

Em resposta, na terça-feira, 31, a embaixada americana em Bagdá foi alvo de milícias iraquianas pró-Irã, que chegaram a invadir parte do complexo e colocar fogo na recepção enquanto entoavam o slogan "Morte à América". O grupo recuou na quarta, 1, diante das ameaças de Donald Trump de atacar o Irã.

Muitos dos manifestantes que invadiram a área da embaixada são membros do Kataib Hezbollah e outras milícias apoiadas pelo Irã. Embora o país tenha uma forte influência no Iraque, ele também tem sido alvo da ira popular e por vezes da violência por parte dos manifestantes iraquianos. / Reuters, AFP, AP e NYT

Estadão
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