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Pode chamar de louco, mas Fed deve continuar aumentando os juros

11 out 2018 - 17h07
(atualizado às 17h18)
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Vendas generalizadas de ações, crescentes tensões comerciais com a China, crescimento global mais lento e pressão verbal da Casa Branca não devem afetar os planos de aumentos de juros do Federal Reserve, numa economia que vem agindo em linha com as previsões do banco central.

Prédio do Federal Reserve em Washington, Estados Unidos
22/08/2018 REUTERS/Chris Wattie
Prédio do Federal Reserve em Washington, Estados Unidos 22/08/2018 REUTERS/Chris Wattie
Foto: Reuters

As tumultuadas 48 horas incluíram uma queda de 800 pontos no Dow Jones e fortes recuos em outros índices acionários, uma previsão de crescimento global em desaceleração do Fundo Monetário Internacional (FMI), e comentários laterais do presidente Donald Trump nos quais ele chamou o Fed de "louco", "loco" e "muito agressivo" na elevação dos juros.

Mas os dados divulgados desde o último encontro do Fed em setembro têm vindo em linha com o retrato que o banco central faz da economia no qual um desemprego historicamente baixo vai coexistir com a inflação próxima da meta de 2 por cento do banco central à frente.

Aumentos de juros graduais -levando a taxa básica de 2 e 2,25 por cento para cerca de 3,4 por cento no próximo ano e meio - desaceleraria um pouco a economia, mas manteria a inflação sob controle durante um período recorde sem recessão que começou nos anos Obama e se estendeu no primeiro mandato de Trump.

Comparado aos anos recentes nos quais o Fed combateu tanto alto desemprego quanto baixa inflação, é um cenário bastante positivo que, dizem a maioria dos analistas e autoridades, justifica o que o Fed fez até agora e oferece poucas razões para mudar a marcha.

Mesmo o principal assessor econômico de Trump, Larry Kudlow, qualificando a opinião do presidente sobre o chair do Fed, Jerome Powell, disse achar que o banco central está "na mira" e que sua habilidade de elevar juros foi um sinal de "saúde econômica, o que é algo para ser bem visto e não temido".

A taxa de desemprego em setembro caiu a 3,7 por cento, um nível não visto em metade de um século, enquanto um relatório de inflação nesta quinta-feira indicou que o ritmo de aumento de preços permaneceu sob controle, em torno da meta do Fed.

Mesmo o forte aumento nos rendimentos dos Treasuries de longo prazo, que assustou investidores em ações nesta semana, é um sinal de que a economia está funcionando de modo mais normal do que o que foi visto desde a crise financeira. De fato, taxas de longo prazo baixas levaram algumas autoridades do Fed a se preocupar que as taxas de curto prazo possam subir acima disso e causar um tipo de inversão na curva de rendimentos que precede recessão. Mas a distância entre a dívida de curto e longo prazo está aumentando agora.

Os comentários de Trump e o tombo do mercado de ações "não serão suficientes para impedir que o "louco" do Fed eleve taxas de juros de novo em dezembro", escreveram analistas da Capital Economics nesta quinta-feira depois dos últimos dados de preços ao consumidor, que, embora pouco abaixo das estimativas, ainda estavam quase em linha com os planos do Fed.

Estimativas da Macroeconomic Advisers mantiveram sua perspectiva para crescimento anual do produto interno bruto a 3,7 por cento para o terceiro trimestre e 2,6 por cento para o quarto.

O Fed tem revisto suas próprias estimativas de crescimento para cima, à medida que se sentem os impactos de cortes recentes de impostos e aumento dos gastos do governo.

Quedas dramáticas e contínuas nos mercados de ação podem contaminar a perspectiva pelo "efeito de renda", se eles começarem a erodir a confiança de famílias e empresas e levar consumidores e investidores a diminuírem seus gastos.

Entre investidores, altas contínuas dos juros pelo Fed permaneceram como uma aposta sólida, com um aumento em dezembro tendo proabilidade de 78 por cento - apenas 3 pontos percentuais abaixo do que estava antes da queda dos mercados e dos comentários de Trump.

Na véspera, Trump disse que a queda no mercado de ações na quarta-feira foi na verdade uma "correção" esperada há muito tempo, e que o Federal Reserve, que vem elevando taxas de juros, ficou "louco", em críticas renovadas hoje.

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