Petróleo fecha em baixa, após altas seguidas, pressionado por dólar fortalecido
Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa nesta quinta, 17, em sessão fortemente influenciada pela alta do dólar ante outras divisas, que seguiu a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). Na ocasião, a maioria dos dirigentes indicou uma alta de juros nos Estados Unidos em 2023, o que valorizou a moeda local, e tornou a commodity, cotada em dólar, mais cara para detentores de outras divisas. O recuo vem ainda depois de uma série de altas que haviam levado o barril aos maiores preços em anos.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para julho fechou em baixa de 1,54% (-US$ 1,11), a US$ 71,04. Já o Brent para agosto teve queda de 1,76% (-US$ 1,31), a US$ 73,08 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
Uma das grandes preocupações na economia dos EUA, e parte do embasamento para a decisão dos Fed, a alta dos preços afetou fortemente o petróleo, que observou uma forte retomada da demanda sem um aumento da mesma velocidade da produção. Neste cenário, "os preços não estão totalmente protegidos da inflação, e US$ 75 por barril certamente está muito acima do custo do fornecimento marginal, de modo que a preocupação com a inflação é válida", avalia a Rystad Energy, ao lembrar que o Brent registrou uma alta de 45% desde dezembro.
Projetando os próximos meses, a Capital Economics avalia que uma elevação na oferta deve fazer com que mesmo o aumento da demanda não leve a preços mais altos. "Embora a força da demanda no terceiro trimestre provavelmente mantenha o Brent em torno de US$ 75 nos próximos meses, prevemos a recuperação da oferta global para superar a demanda do quarto trimestre". Desta forma, a consultoria acredita que o preço do Brent estará de volta para cerca de US$ 70 por barril no final do ano, e US$ 60 no final de 2022.
Um dos elementos observados para uma potencial alta da oferta, um acordo nuclear entre o Irã e potências globais, tem dia importante amanhã, 18. Nas eleições presidenciais, a provável vitória do conservador Ebrahim Raisi tende a elevar os preços, uma vez que ele "é considerado linha-dura e está até nas listas de sanções da União Europeia e dos EUA por violações de direitos humanos", aponta o Commerzbank. "O próprio Raisi descreveu o acordo como não sendo particularmente importante para seu país", lembra o banco alemão, em uma mudança de postura com relação ao atual presidente, Hassan Rouhani.