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Peste suína na Ásia é 'explosão de oportunidades'

Brasil, que vem batendo recordes de exportação de carnes para lá, tem a chance conquistar e fidelizar mais clientes

21 nov 2019 - 19h50
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A epidemia da peste suína africana (PSA) na China, que vem dizimando os plantéis no país asiático, pode trazer oportunidades mais amplas ainda para o setor de carnes brasileiro, que vem batendo recordes de exportação de proteína animal este ano, avaliou o diretor da consultoria norte-americana de commodities agrícolas Hueber Report, Daniel Hueber. "A China tinha um dos maiores plantéis de suínos do mundo, com 440 milhões de animais. Esse é o rebanho que Brasil e Estados Unidos têm juntos. O efeito dessa crise no mercado de alimentos ainda será muito expressivo", disse Hueber no Summit Agronegócio Brasil 2019.

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O consultor observou também que os chineses têm levado muito tempo para apresentar os reais prejuízos com a doença. "A grande questão é que ninguém sabe se será possível erradicar essa febre. É diferente de qualquer outra epidemia já vista", destacou. Hueber mencionou a alta significativa nas exportações brasileiras de carnes para a China e enfatizou que o País pode se beneficiar ainda mais com o avanço da epidemia no Sudeste Asiático e no Leste Europeu. "É uma explosão de oportunidades para o Brasil."

O diretor de Inteligência de Mercado da consultoria INTL FCStone, Renato Rasmussen, disse que, de fato, o setor pecuário deve aproveitar a janela de oportunidade que se abriu com a doença na China, que deve levar de sete a dez anos para recompor seu rebanho de suínos. "Estamos falando de uma queda de quase 40% no rebanho de suínos da China", disse. Por isso, conforme Rasmussen, agora é hora de o pecuarista brasileiro investir mais em produtividade, tendo em vista, por exemplo, a forte valorização da arroba bovina este ano.

Ele avalia, ainda, que à medida que a escassez de proteína animal no país asiático se intensificar, a China deve flexibilizar regras de importação para conseguir atender à demanda de seu mais de 1 bilhão de habitantes. No caso de bovinos, por exemplo, o gigante asiático exige que a carne seja proveniente de animais com no máximo 30 meses. "Se faltarem alimentos lá e o mercado interno se inflacionar, é provável que ela flexibilize regras." Ele citou, por exemplo, as recentes novas habilitações de unidades frigoríficas do Brasil para exportar para a China. "Inicialmente, os chineses tentaram conter a crise da peste suína africana com o escoamento dos estoques internos", lembrou. "Agora, estão precisando importar para garantir o abastecimento."

No longo prazo, o consultor também vê amplas oportunidades para o Brasil reforçar a parceria comercial com a China. Ele mencionou que o país asiático está mudando seu perfil de consumo de proteína animal - da tradicional carne suína para carnes bovina e de frango. "O Brasil deve aproveitar essa oportunidade, pois essa mudança de hábitos pode ser uma chance de conquista de mercado no longo prazo", disse o consultor da FCSTone.

Ainda para Rasmussen, a situação da peste suína africana na China "traz riscos ao Brasil no curtíssimo prazo (no caso de o surto da doença se encerrar no país asiático e a China voltar a investir em rebanhos próprios)". "Mas, quando olhamos no âmbito global, somos um dos únicos países que têm o potencial de fornecer alimentos para o mundo", reforçou. Rasmussen alertou, porém, que mesmo com o cenário positivo o pecuarista deve analisar o cenário global, com guerra comercial entre Estados Unidos e China, alta expressiva do dólar, riscos de a peste suína chegar ao Brasil, entre outros. "E sempre fazer hedge em bolsas para proteger seus rendimentos."

Estadão
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