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Para evitar debandada de Trump, Europa propõe reforma da OMC

Proposta de Emmanuel Macron, presidente da França, é que uma primeira reforma da OMC seja negociada por EUA, UE, China e Japão para só depois ser apresentada ao G-20

30 mai 2018 - 20h50
(atualizado em 31/5/2018 às 09h01)
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Num gesto desesperado para salvar o multilateralismo e manter o governo americano de Donald Trump dentro de um sistema de regras comerciais, a Europa propõe iniciar uma reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), entidade criticada abertamente pela Casa Branca.

Nesta quarta-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, apresentou a oferta, oficialmente em um discurso em Paris. Mas o Estado apurou que diplomatas europeus já começaram a trabalhar no projeto nos bastidores, com o objetivo de criar novas regras que possam permitir que Trump não desista da OMC e cumpra as regras comerciais.

O debate ocorre ainda às vésperas de o governo americano anunciar que, diante da falta de concessões por parte dos europeus, irá aplicar barreiras ao comércio de aço da UE. Bruxelas, de sua parte, também indicou que está pronta para começar a implementar retaliações comerciais, avaliadas em bilhões de dolares.

A proposta de Macron, porém, deixou os países em desenvolvimento preocupados, entre eles o Brasil. Sua proposta é de que uma primeira reforma da OMC seja negociada por EUA, UE, China e Japão. Só num segundo momento o pacote seria apresentado ao G-20.

A ideia é de que um rascunho de um protejo já esteja sobre a mesa do G-20 em sua cúpula no final do ano.

O governo americano chegou a ser acusado por um dos juízes que deixava seu cargo na OMC nesta semana de "asfixiar" o trabalho dos tribunais da entidade, ao vetar a eleição de novos juízes. O órgão que deveria ter sete juízes hoje conta com apenas quatro e está prestes a ser paralisado.

Washington também vem minando qualquer tipo de iniciativas para fazer avançar outros setores das negociações, como agricultura. Enquanto isso, prolifera medidas protecionistas.

A determinação de Macron em sair ao resgate da OMC, porém, foi imediatamente comemorada pelo diretor-geral da entidade, o brasileiro Roberto Azevedo. Vivendo uma situação delicada, o diplomata tem adotado um tom ponderado e evitado críticas a Trump, justamente para não acelerar uma retirada imediata dos EUA de sua organização. Isso, na prática, representaria o fim da OMC.

Nas redes sociais, Azevedo agradeceu calorosamente o apoio de Macron à organização. "Felicito o presidente por sua liderança e estou pronto para ajuda-lo e aos demais membros da OMC para explorar formas de assegurar que a OMC funcione melhor para todos", escreveu.

Falando também em Paris, o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, chamou os tribunais da OMC de "uma piada" e alertou que o governo americano iria privilegiar acordos bilaterais. "Os entendimentos multilaterais tomam muito tempo para dar frutos e geram uma fatiga negociadora".

Estadão
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