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Para economistas, cálculo de impacto fiscal exige detalhes

Além da questão da idade mínima, falta esclarecer pontos como propostas para Estados, polícias e militares

15 fev 2019 - 04h10
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As informações iniciais sobre a reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro - que incluirá a definição de uma idade mínima para obtenção de benefício de 65 anos (homens) e 62 (mulheres), com transição de até 12 anos - foi bem recebida por economistas. A ponderação geral, no entanto, é de que é preciso entender qual será o tamanho da reforma a ser efetivamente aprovada pelo Congresso Nacional.

Na avaliação da economista e sócia da consultoria Olyver Wyman, Ana Carla Abrão Costa, a questão da idade mínima está amadurecida e poderá ser aprovada. O teto diferente para homens e mulheres, no entanto, pode ser um ponto de frustração caso o texto não traga uma previsão de convergência de 65 anos no futuro.

A economista afirma que é cedo para prever um impacto fiscal maior que a proposta do ex-presidente Michel Temer, por falta de detalhes sobre pontos importantes. "Para ter um impacto fiscal considerável, (o texto) tem de ser mais amplo que só idade mínima. Depende da proposta para Estados, polícias e militares."

Ela diz ainda que, pelas declarações do governo até agora, existe a chance da exigência de uma contribuição maior de pessoas de renda mais alta. "O discurso faz sentido, de buscar justiça social. O sistema previdenciário, como está, é perverso."

Apesar de considerar que o tema está mais maduro para discussão na sociedade do que na época em que Temer enviou a reforma ao Congresso, Ana Carla diz que ainda existe o risco de "toma lá, dá cá" de parlamentares para a aprovação do texto.

Para o cientista político Carlos Melo, da escola de negócios Insper, o governo precisa trabalhar a questão da Previdência com a opinião pública. Além disso, ele afirma que o Planalto precisa definir a mudança de regras para aposentadoria no País como foco principal deste início de gestão. Ele diz que tentar trabalhar o pacote do ministro Sérgio Moro de forma paralela é um erro. "(Agora), é focar e encaminhar a Previdência."

A codiretora de rating soberano para as Américas da Fitch Ratings, Shelly Shetty, destacou que "vai esperar os detalhes completos da reforma da Previdência" para entender o ritmo e a magnitude do texto e só então fazer uma avaliação mais consistente. "A reforma da Previdência é necessária para o Brasil para melhorar estruturalmente a trajetória das finanças públicas no médio prazo", apontou. /BÁRBARA NASCIMENTO, MATEUS FAGUNDES E RICARDO LEOPOLDO

Estadão
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