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Para credora, leilão da Avianca pode levantar R$ 890 milhões

Com assembleia realizada na sexta-feira, empresa agora perdeu proteção contra pedidos de devolução de aviões

8 abr 2019 - 05h10
(atualizado às 10h32)
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A gestora americana Elliott, detentora de 74% da dívida da Avianca, espera que o leilão dos ativos da companhia aérea levante US$ 230 milhões (R$ 890 milhões), segundo fontes envolvidas nas negociações. O valor é 65% maior que o fechado com a Latam e a Gol, que já se comprometeram a pagar, cada uma, US$ 70 milhões por um pacote que inclui aviões e autorizações de pousos e decolagens (slots) da empresa endividada.

Os ativos da Avianca serão divididos em sete UPIs (Unidades Produtivas Isoladas) - seis delas com slots e uma delas com o programa de fidelidade da companhia. A Latam e a Gol ficarão com uma dessas unidades cada uma, e o valor extra - US$ 90 milhões - que a Elliott pretende arrecadar deverá vir do leilão das outras UPIs.

Avião da Avianca pousa no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro
Avião da Avianca pousa no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro
Foto: Sergio Moraes / Reuters

Não há uma data definida para o leilão - há expectativas de que possa acontecer no fim do mês -, mas ainda é necessário que a Justiça homologue o plano de recuperação da companhia. Caso alguma das UPIs não seja arrematada no certame, será preciso a realização de uma nova assembleia de credores para se definir como será feita a venda do restante.

Dos R$ 2,7 bilhões da dívida da Avianca, R$ 2 bilhões são da Elliott. Caso o valor mínimo (US$ 140 milhões, ou R$ 540 milhões) seja levantado no leilão, a gestora deve receber cerca de 10% dos seus créditos, apurou o Estado. Os trabalhadores terão direito a até 650 salários mínimos, com um limite total de R$ 7 milhões.

Frota

Com a assembleia de credores realizada na última sexta-feira, a Avianca perdeu a proteção que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) havia concedido, impedido que as donas dos aviões alugados pela companhia pedissem a reintegração de posse. A medida era válida até que a assembleia acontecesse.

Segundo fontes próximas à empresa, não está descartada a hipótese de que a Avianca tenha de devolver aviões nos próximos dias. A companhia não conseguiu chegar a um acordo com as arrendadoras das aeronaves para devolvê-las de forma coordenada e, diante do entrave, teve de anunciar a redução de sua malha aérea.

Além do embate com as arrendadoras, o processo de recuperação judicial da Avianca foi conturbado por causa da disputa das companhias aéreas pelos ativos da empresa. Em março, a Azul anunciou que ficaria, por US$ 105 milhões, com a única UPI que seria formada contendo os slots e aviões. Havia uma pressão para que o negócio fosse concluído rapidamente, pois a Avianca está praticamente sem caixa. Para que ela continuasse operando, a Azul injetou US$ 13 milhões na empresa.

Na semana passada, no entanto, a Azul levou um revés: a Gol e a Latam fecharam diretamente com a Elliott um acordo para ficar com os ativos da Avianca. Foi aí que se decidiu fatiar a empresa em sete UPIs. Como Gol e Latam já têm uma participação de mercado elevado, se uma delas decidisse levar 100% da Avianca, a probabilidade de surgir um entrave no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) era elevada.

A briga gira em torno, principalmente, dos slots da Avianca no aeroporto de Congonhas. A Azul tem 5% de participação no terminal e essa presença reduzida é um dos limitadores para seu crescimento. Com a compra da Avianca, a empresa passaria a ter 13% dos slots de Congonhas - Latam e Gol têm mais de 40% cada uma.

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Estadão
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