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Ofertas de ações no Brasil em 2020 podem chegar a R$200 bi, estimam executivos

16 jan 2020 - 10h11
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O volume de ofertas de ações pode dobrar no Brasil este ano em relação a um 2019 de forte atividade no mercado de capitais, com as taxas de juros mais baixas da história estimulando otimismo e levando mais companhias a testar o apetite dos investidores, segundo executivos de bancos investimento.

07/01/2016
REUTERS/Paulo Whitaker
07/01/2016 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

Apesar da volatilidade da última década, muitos acreditam que o governo menos intervencionista na economia do presidente Jair Bolsonaro pode dar longevidade ao "boom" do mercado de capitais.

"O mercado de capitais entrou num ciclo de crescimento de longo prazo que poderá durar anos", disse Fabio Nazari, chefe de renda variável do Banco BTG Pactual.

Depois de mais que triplicar no ano passado, as ofertas de ações devem continuar acelerando, com alguns executivos prevendo que o volume de ofertas possa alcançar até 200 bilhões de reais.

As emissões de ações de empresas brasileiras equivaleram a 82% do total emitido na América Latina em 2019, bem acima da participação do PIB do Brasil na região, de cerca de 33%.

As privatizações ou venda de participações detidas pelo governo, particularmente de ativos da Petrobras ajudaram a aumentar o volume de operações.

A maior oferta de ações do ano foi a privatização da distribuidora de combustíveis BR Distribuidora, que arrecadou 2,5 bilhões de dólares. A maior aquisição do ano também envolveu a Petrobras, que vendeu sua empresa de gasodutos TAG para a francesa Engie por 8,6 bilhões de dólares.

A venda de ativos estatais novamente dominará os mercados neste ano, com a esperada venda da carteira de 120 bilhões de reais em ações detida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que inclui participações em empresas como JBS, Petrobras e Banco do Brasil .

A maior parte das ofertas de ações no ano passado foi de ofertas subsequentes, com apenas sete ofertas iniciais, conhecidas como IPOs. O cenário pode mudar com até 20 IPOs neste ano, segundo Roderick Greenlees, diretor global de banco de investimentos do Itaú BBA.

Alguns setores que estavam fora das bolsas há anos, como as construtoras, estão voltando ao mercado para financiar sua expansão, segundo Eddy Allegaert, chefe de renda variável para a América Latina do JPMorgan & Chase. Duas construtoras, Mitre e Moura Dubeux, pediram registro para IPOs na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Eduardo Mendez, diretor de mercado de capitais e renda variável do Morgan Stanley na América Latina, espera que haja mais candidatos a IPOs entre fintechs, indústrias de produtos de consumo e varejistas.

O Brasil deve continuar sendo a maior fonte de emissões de ações na região, mas Allegaert, do JPMorgan, também espera algumas emissões no México. A perspectiva é mais difícil para a Argentina, onde a guinada à esquerda e esperada reestruturação da dívida assustam os investidores.

FUSÕES E AQUISIÇÕES

Os bancos de investimento esperam um crescimento mais moderado nas operações de fusões e aquisições, incluindo vendas multibilionárias de refinarias pela Petrobras, a aguardada privatização da Eletrobras e vendas de ativos pelo Banco do Brasil.

Empresas regionais de água e esgoto que precisam de recursos para investir, como a Sabesp, que o Estado de São Paulo promete privatizar, também podem ajudar a elevar o volume de negócios.

"Saneamento vai exigir um enorme volume de investimentos e deve representar o que foi o setor elétrico nos últimos 20 anos, desde as primeiras privatizações", disse Eduardo Miras, chefe de banco de investimento do Citi no Brasil.

Andres Sommer, chefe de fusões e aquisições para a América do Sul no Morgan Stanley, espera os maiores negócios do ano no setor de energia elétrica e infraestrutura, e Ricardo Lacerda, fundador e presidente-executivo da BR Partners, também espera mais atividade em varejo e produtos de consumo.

Com as empresas abastecidas de capital e a economia brasileira se recuperando, também se espera o crescimento de fusões e aquisições no setor privado, com investidores estrangeiros participando de mais negócios.

"Há a percepção de que a recuperação econômica brasileira é sólida e isso está fortalecendo o interesse dos investidores estrangeiros", diz Renato Boranga, chefe de fusões e aquisições do Santander Brasil.

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