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OCDE pode discutir em fevereiro entrada do Brasil no 'clube dos países ricos'

Secretário-geral da Organização, José Angel Gurría disse, em Davos, que assunto poderá começar a ser tratado na próxima reunião do conselho; País agora tem apoio formal dos EUA

22 jan 2020 - 08h28
(atualizado às 11h13)
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DAVOS - Os membros das Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) poderão debater sobre a possibilidade de entrada do Brasil no organismo multilateral em 5 de fevereiro, quando haverá uma reunião do conselho, segundo o secretário-geral da entidade que tem sede em Paris, José Ángel Gurría.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, ele disse que o encontro já estava na agenda, mas que o assunto não está em pauta porque ainda não havia informação nova a respeito. Ainda que não haja garantias, é possível que seja incluído. "O assunto não está na pauta, então não necessariamente falaremos de novas acessões, mas é possível", considerou.

A entrada do Brasil na OCDE estava "travada" porque os Estados Unidos, um dos principais membros da instituição, haviam priorizado o acesso da Argentina. Agora, no entanto, a administração americana decidiu dar preferência ao Brasil. Gurría enfatizou o fato de a mudança não ter sido apenas oral. "Não foi uma decisão tomada e publicada apenas pela imprensa. É uma mudança oficial. Eu recebi uma comunicação e compartilhei com os membros do conselho", relatou.

O secretário disse, porém, que ainda há muitas perguntas dentro da OCDE que estão sem resposta. Isso porque há uma pressão dos europeus para que a cada ingresso de um país que não seja do continente na Organização também seja efetuado o processo de acessão de um país da União Europeia. Junto com a Argentina, a Romênia seria o outro candidato.

Por outro lado, os Estados Unidos não desejam ver o crescimento da entidade de forma muito rápida. Portanto, há dúvidas sobre como a chegada de novos membros será tratada pelo conselho, que precisa aprovar por consenso a formalização da candidatura dos países.

"Tem várias perguntas que não estão respondidas. Por exemplo, como vamos processar isso. Se haverá 'dobradinha' ou não", disse Gurría em relação à exigência de paridade pelos europeus. A questão, segundo ele, está com o conselho agora. "Temos que ver como podemos operar porque a questão (de novos acessos) estava um pouco adormecida. Não falávamos muito sobre novas entradas nas últimas reuniões do conselho porque não tínhamos informação nova nem dos EUA, nem da Europa. Agora com informação oficial, lança-se a questão novamente", disse.

Gurría afirmou que, quando o processo estiver considerado bom para todos, a OCDE iniciará os trâmites, de acordo com o desejo do conselho. "Estamos muito no início. É muito recente. A notificação oficial da prioridade foi há poucos dias. Estamos digerindo a notícia e depois vamos processá-la. Agora vamos ver como vamos operar."

O ministro da Economia, Paulo Guedes, estimou que, com a mudança de postura dos Estados Unidos, o Brasil poderá passar por todo o processo de adequação aos padrões da Organização em dois anos. "Isso depende do Brasil", disse Gurría. Ele elogiou a postura dos últimos governos do País de continuar o processo de ajuste às normas da OCDE mesmo com o processo de integração ainda em suspenso. "O que o Brasil fez de muito bom é que não parou, não parou, não parou... Eu sempre disse para o Brasil que não precisava parar para fazer (as adequações) no momento oficial, mas o Brasil já começou", disse.

Ele comentou também que o País começou a criar um comitê institucional para tratar do tema e elogiou o fato de ter designado um embaixador permanente na OCDE, Carlos Cozendey. O papel do diplomata é acompanhar todos os desdobramentos do processo de adequação e candidatura do País. "Isso foi muito inteligente e vai ajudar a reduzir muito o período do processo, porque o Brasil continuou (os ajustes)."

Estadão
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