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O 'momento delicado' da economia global, na visão do FMI

Fundo Monetário revê para baixo previsão de crescimento das grandes economias mundiais e também do Brasil, em um cenário ainda considerado 'precário'.

9 abr 2019 - 16h50
(atualizado em 11/4/2019 às 06h19)
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Tensões comerciais, como a existente entre EUA e China, são consideradas uma das ameaças à economia global
Tensões comerciais, como a existente entre EUA e China, são consideradas uma das ameaças à economia global
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A economia global está no que a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) chama de "momento delicado".

Gita Gopinath diz que, embora não anteveja uma recessão global, "há muitos riscos" no horizonte.

O FMI acaba de lançar a mais recente edição do relatório World Economic Outlook, que estima que a economia mundial vai crescer 3,3% neste ano e 3,6% em 2020.

Trata-se de um crescimento mais lento do que o do ano passado - e, no que diz respeito a 2019, uma redução de 0,2 pontos percentuais em relação à previsão inicial do próprio FMI.

O organismo reviu para baixo sua previsão de crescimento em 2019 para todas as economias desenvolvidas do mundo - particularmente EUA, zona do euro, Japão, Reino Unido e Canadá.

Os motivos, diz o relatório, são "uma confluência de fatores afetando as principais economias", entre eles a desaceleração da China (que, ao reduzir suas importações, freia o crescimento do resto do mundo), o aumento das tensões comerciais com os EUA e desastres naturais que afetaram o desempenho do Japão.

Também puxam as expectativas para baixo as perspectivas de crescimento menor na América Latina, no Oriente Médio e no norte da África.

Para o Brasil, a previsão do FMI é de crescimento de 2,1% neste ano (uma redução de 0,4 pontos percentuais em relação à estimativa feita em janeiro) e de 2,5% no ano que vem (aumento de 0,3 pontos percentuais).

Recuperação 'precária'

As previsões globais refletem uma desaceleração que vem desde o final de 2018, estimulada por fatores como a disputa comercial entre Washington e Pequim, algo que o FMI prevê durar até o final deste semestre.

Depois disso, o crescimento global deve ganhar mais força, prosseguindo até o ano que vem.

Mas Gopinath descreve essa retomada como "precária".

A economista afirma que muito dependerá do desempenho de economias em desenvolvimento sob estresse, como a Turquia e a Argentina - esta última enfrenta uma combinação de inflação, alta do dólar e recessão econômica, e recorreu a um empréstimo bilionário do próprio FMI.

Relatório do FMI vê riscos possíveis de deterioração nos mercados financeiros globais
Relatório do FMI vê riscos possíveis de deterioração nos mercados financeiros globais
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Gopinath também prevê uma recuperação parcial da zona do euro. Já a economia dos EUA deve continuar a perder força, crescendo menos de 2% no ano que vem, à medida que diminuir o impacto dos cortes de impostos promovidos pelo presidente Donald Trump.

Não há nenhum sinal de simpatia, por parte do relatório do FMI, com a visão de Trump de que o principal fator impedindo o crescimento dos EUA é o aumento das taxas de juros por parte do Fed (o banco central americano) nos últimos dois anos.

Sinais de problemas?

Para a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, os riscos globais atuais incluem a possibilidade de mais tensões no comércio internacional.

Gopinath cita como exemplo o setor automotivo, área na qual Trump avalia impor novas tarifas sobre produtos importados.

Outro sinal de alerta vem do Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia. O FMI reduziu para baixo as expectativas de crescimento da economia britânica sob a perspectiva de que o Parlamento britânico consiga chegar a um acordo para uma saída ordenada da UE, o que ainda está longe de ser garantido.

Um Brexit abrupto e sem acordo poderá ter um impacto ainda mais duro no crescimento da economia do Reino Unido.

Além disso, o relatório do FMI vê riscos possíveis de deterioração nos mercados financeiros globais, que aumentem os custos para empréstimos globais, inclusive para governos que precisem financiar suas obras.

*Com reportagem de Andrew Walker, do Serviço Mundial da BBC

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