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Novo sistema de assistência de liquidez vai reduzir necessidade de compulsório alto, diz Campos Neto

27 ago 2019 - 11h03
(atualizado às 13h33)
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O Banco Central está criando um novo sistema de assistência de liquidez a instituições financeiras que diminuirá a necessidade de um estoque tão grande de compulsórios, afirmou nesta terça-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, acrescentando que esse processo levará em torno de um ano e meio.

Brazil's Central Bank President Roberto Campos Neto is seen during a BTG Pactual event in Sao Paulo, Brazil, August 8, 2019. REUTERS/Amanda Perobelli - RC1FA09737A0
Brazil's Central Bank President Roberto Campos Neto is seen during a BTG Pactual event in Sao Paulo, Brazil, August 8, 2019. REUTERS/Amanda Perobelli - RC1FA09737A0
Foto: Reuters

Enquanto isso, o BC está abaixando o compulsório lentamente, sustentou Campos Neto em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ponderando que, independentemente dessa ação, os bancos também precisam de condição econômica para aumentarem seus empréstimos.

"O Brasil não tem um sistema de assistência de liquidez muito aprimorado, e o que acontece na prática é que, mesmo nas grandes crises, os bancos não recorreram a um instrumento que existe, que é o redesconto. Grande parte das crises foram socorridas pelo FGC [Fundo Garantido de Crédito], que é um fundo de administração privada", afirmou Campos Neto.

O presidente do BC frisou que um sistema de assistência de liquidez mais organizado é um dos quesitos necessários para o país ser aceito como membro da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).

"O que o sistema que nós vamos fazer, que nós estamos desenhando, vai proporcionar é o uso da carteira de crédito dos bancos para extrair liquidez delas num momento de emergência. Isso significa que o resultante disso é poder conviver com nível de compulsórios consideravelmente mais baixo do que nós temos hoje", afirmou Campos Neto.

Ao detalhar aos senadores as linhas de ação do BC Campos Neto mencionou outras medidas em gestação, incluindo o projeto para simplificação cambial, que segundo ele já está pronto.

Também citou trabalho desenvolvido para apresentação "em breve" de um novo "sandbox" regulatório, como forma de acelerar a entrada de novas tecnologias e novos modelos de negócios no mercado de capitais. O objetivo, segundo Campos Neto, é facilitar o acesso de investidores ao mercado e promover a concorrência na oferta de fundos.

Em relação ao microcrédito, o presidente do BC disse que a autarquia quer elevar o direcionamento dessa modalidade para muito acima do que é hoje. Segundo Campos Neto, "tema do microcrédito vai estar pronto em algumas semanas".

Ao responder a pergunta sobre o nível ótimo das reservas internacionais, Campos Neto afirmou que quanto mais o país for avançando nas reformas e nas mudanças institucionais menor será a necessidade de manter reservas elevadas. Ele ponderou, no entanto, que, com a queda dos juros nas principais economias, o custo de manutenção das reservas está baixo. "Reservas têm sido um grande negócio", afirmou.

PIB

O BC estima que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha ficado estável ou crescido ligeiramente no segundo trimestre, reiterou Campos Neto, acrescentando que a expectativa é de "alguma aceleração" à frente.

"Para os trimestres seguintes esperamos alguma aceleração, que deve ser reforçada pelo efeito da liberação de recursos do FGTS e PIS-PASEP. Não obstante essa aceleração, nosso cenário básico supõe que o ritmo de crescimento subjacente da economia será gradual", disse ele na CAE.

O IBGE divulgará o desempenho do PIB no segundo trimestre na quinta-feira.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do PIB, fechou o período de abril a junho com queda de 0,13%, o que marcaria o segundo trimestre seguido de contração da economia, caracterizando o que os economistas classificam de recessão técnica.

Em sua fala inicial, Campos Neto também reforçou a mensagem já dada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião de que "a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo monetário".

Em julho, quando o BC reduziu a Selic à mínima histórica de 6% ao ano, a autoridade pontuou que via espaço para a continuidade do afrouxamento monetário.

No entanto, o BC ressalvou que essa comunicação não restringia sua atuação, que seguia dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação. A mensagem foi repetida nesta terça-feira.

Aos senadores, Campos Neto afirmou também que o grau de risco da economia brasileira percebido por agentes de mercado já é compatível com uma melhoria da nota do país pelas agências de avaliação de risco.

"O alívio nas condições financeiras internacionais tem se mostrado uma janela de oportunidade para países que seguem o caminho das reformas, e vejo que estamos aproveitando essa janela", afirmou Campos Neto.

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