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'Não podemos errar', diz BHP sobre plano que antecipa retomada da produção da Samarco

Credores da empresa, que apresentaram nova proposta de plano de recuperação, defendem aceleração da produção mineradora de Mariana (MG); no entanto, dona de 50% da Samarco vê riscos de segurança

20 mai 2022 - 13h25
(atualizado às 13h30)
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A mineradora australiana BHP Billiton não vai desistir fácil da sua fatia da Samarco, empresa responsável pela tragédia que ocorreu em Mariana (MG) em 2015 e matou 19 pessoas, e está disposta a negociar com os credores da companhia para se chegar a um meio-termo. Porém, Simon Duncombe, vice-presidente da BHP Billiton para joint-ventures, não concorda com o plano oferecido pelos credores na madrugada da quarta-feira, 18, e diz que espera a Justiça estabelecer prazos para que as partes voltem à mesa de negociações.

"Acreditamos que os credores ignoraram diversas vozes no processo e isso acaba prejudicando os demais participantes, além de tirar a segurança da expansão da companhia", diz Duncombe, da BHP, que é sócia da brasileira Vale no projeto. "Não podemos nos dar ao luxo de errar."

Mais do que isso, o executivo aponta que as promessas de retomarem as operações da Samarco em níveis pré-tragédia até 2026 é algo irreal - a mineradora prometeu esses números apenas em 2029. De acordo com Duncombe, a Samarco não tem como acelerar os seus planos de produção por questões técnicas, mesmo com novos formatos de eliminação de rejeitos.

Segundo a proposta feita pelos credores, seria possível acelerar os processos ao se adotar o empilhamento a seco como a forma de manuseio de rejeitos, deixando as barragens de lado. Duncombe acredita que essa é uma saída real, mas afirma que a Samarco já está realizando estudos para que o novo formato seja adotado, só que com um tempo maior para concretização.

"Mas a Samarco atua em um ambiente onde existem limitações de espaço bastante consideráveis. Essa tecnologia está sendo estudada e certificada e vem sendo monitorado pelas autoridades. Temos essas restrições, por isso não entendo como tudo poderia ser acelerado", afirma o executivo.

Votos em assembleia

Outro ponto que os credores colocaram na proposta é a impossibilidade da Vale e BHP votarem na assembleia de credores que poderá decidir os planos futuros da Samarco. Duncombe concorda que se ambas companhias fossem apenas acionistas, as reclamações teriam fundamento. Porém, como as duas controladoras tem dívidas do montante de R$ 24 bilhões, elas têm o direito de participar de uma eventual votação.

"Somos os credores que estão financiando a Samarco desde 2016 e os credores não colocaram mais nenhum dólar. Nós injetamos recursos e somos grandes credores, logo estamos em pé de igualdade e por causa disso temos que ter direito ao voto", afirma ele.

Nesta semana, os sindicatos dos trabalhadores da mineradora também apresentaram uma nova proposta de plano de recuperação judicial, que muda a forma de pagamento aos credores, porém mantém o plano de retomada da Samarco. Tal plano já é visto com mais bons olhos pelo executivo. "Estamos dispostos a aceitar qualquer plano que proteja a retomada segura e sustentável da Samarco, como a sustentabilidade financeira", afirma.

A expectativa do executivo é resolver essas questões judiciais nos próximos seis meses e afirma estar comprometido com o diálogo com os credores. "Estamos dispostos a fazer isso e trabalhar com boa-fé", diz o executivo.

Estadão
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