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Na contramão da queda do dólar, juros fecham em alta influenciadas pelo exterior

2 dez 2019 - 18h56
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Os juros futuros fecharam a segunda-feira, 2, em alta moderada nos principais contratos, na contramão do movimento de dólar, que vinha servindo de parâmetro para o comportamento das taxas nos últimos dias. Após rondarem a estabilidade pela manhã, as taxas adotaram um viés de alta no período da tarde, mas perto do fechamento ampliaram o movimento e fecharam a sessão regular nas máximas. Profissionais nas mesas de renda fixa não viram nada específico para justificar a piora, mas lembram que hoje foi um dia de abertura nas curvas no exterior, mesmo com o dólar fraco. Na sessão estendida, o mercado esboçava alguma melhora.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular na máxima de 4,75%, de 4,699% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 5,891% para 5,96% (máxima). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 6,57% (máxima), ante 6,521% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 6,851% para 6,90% (máxima). Na estendida, os DIs para janeiro de 2021 e 2023 encerraram a 4,74% e 5,95%. Já os vencimentos para janeiro de 2025 e 2027 terminaram em 6,56% e 6,88%.

O avanço das taxas ocorreu sem respaldo de volume, que hoje foi bem menor do que na semana passada, na ausência de um condutor forte para os negócios, o que, na avaliação dos players, tira um pouco da representatividade do movimento. Danilo Alencar, trader da Sicredi Asset, considerou estranha a piora repentina, mas afirma que o cenário internacional hoje ajuda a explicar. "Foi uma puxada no momento da definição dos ajustes, mas nada muito relevante. Os juros sobem também lá fora, mesmo com o movimento global de queda do dólar", afirma.

Com respaldo de indicadores fortes da indústria da China, os rendimentos dos Treasuries avançaram nesta segunda-feira. Perto das 17h30, a T-Note de dez anos tinha taxa de 1,827%, ante nível de 1,78% na sexta-feira.

No Brasil, a agenda de indicadores trouxe apenas o resultado da balança comercial, para o qual a expectativa já era positiva depois da correção nos dados de exportações feitos pela Secex na semana passada. Pela manhã, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante participação em evento, apenas reiterou a sinalização de corte da Selic em 0,5 ponto porcentual em dezembro, reforçando que a inflação está ancorada e o avanço das reformas.

O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, viu o mercado de juros "um pouco sem rumo", dadas as dúvidas sobre o câmbio. "É um mercado em que está difícil assumir uma aposta, então o investidor fica mais observando do que definindo uma posição", afirmou. Para ele, o miolo da curva mais pressionado pode estar refletindo a expectativa para a agenda dos próximos dias. "Temos IPCA esta semana e o Copom próximo", lembrou, citando recentes pressões sobre os preços vindas, por exemplo, das carnes e jogos lotéricos.

Estadão
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