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Mulheres já empreendem tanto quanto investidores homens

8 mar 2012 - 07h06
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A melhor notícia do Dia Internacional da Mulher, no Brasil, é que as empreendedoras já competem em pé de igualdade com os pequenos e microempresários. No País, o número de mulheres que empreendem é quase o mesmo que o de homens. Segundo o relatório de 2010 do Global Entrepeneurship Monitor (GEM), entre os 21,1 milhões de empreendedores brasileiros 10,7 milhões pertencem ao sexo masculino e 10,4 milhões ao feminino, o que dá uma proporção de 50,7% para 49,3%. O estudo foi realizado em parceria entre a London Business School, o Babson College e, no Brasil, pelo Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).

Vanessa Vilela há cinco anos é dona do próprio negócio. Ela fundou a Kapeh, empresa de cosméticos feitos a partir do café
Vanessa Vilela há cinco anos é dona do próprio negócio. Ela fundou a Kapeh, empresa de cosméticos feitos a partir do café
Foto: Divulgação / Especial para Terra


Em 2002, os homens eram 57,6% e as mulheres 42,4% do total. "A performance e os resultados obtidos por ambos os gêneros são os mesmos. As mulheres empreendedoras não se veem diferente dos homens, não se discriminam", diz a diretora de cultura empreendedora da Endeavor, Karen Kanaan.



A afirmativa de Karen se baseia em um estudo conduzido pela Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento (Unctad, iniciativa ligada à ONU) em seis países. Aqui, a pesquisa foi feita pelo Instituto Empreender Endeavor Brasil e os dados globais divulgados este ano. O objetivo era comparar empreendedores de várias partes do mundo.



Uma das conclusões que se pode tirar da pesquisa é que as empresárias brasileiras, na hora de inovar, preferem melhorar processos do que criar, de fato, um produto ou serviço novo. Consequentemente, suas inovações são menos visíveis, o que faz com que elas tenham mais dificuldade para obter financiamento privado e público. Segundo o Endeavor, 38,5% dos homens entrevistados obtiveram algum tipo de financiamento governamental para suas inovações, enquanto somente 19,2% das mulheres conquistaram tal apoio. "A mulher tem uma forma sutil de inovar, mas nem por isso melhor ou pior que o homem", afirma Karen.



Segundo a executiva, a diferença entre os sexos também está presente na motivação para abrir uma empresa. "As mulheres geralmente optam por um segmento pelo qual sejam apaixonadas. Por exemplo, uma área em que já tiveram experiência e de que gostaram muito. Os homens focam mais nas oportunidades de mercado, mesmo que não tenham afinidade com o setor", explica. "A paixão por um determinado nicho é o que costuma mover as empreendedoras", salienta.



Outro ponto do estudo foi a análise da aversão ao risco. A conclusão é que as mulheres costumam assumir menos riscos do que os homens. Novamente, a pesquisa não fez julgamento de valor - ou seja, não avaliou se isso é bom ou ruim. "Na maior parte dos casos, elas têm uma postura mais segura para empreender", comenta Karen.



Outro dado é que a retenção de talentos é maior em empresas comandadas por mulheres. Enquanto 57,7% dos brasileiros declararam ter dificuldades na área de recursos humanos ou no processo produtivo, apenas 34,6% das mulheres disseram a mesma coisa.



O grande desafio para as empreendedoras brasileiras, aponta o estudo, é a formação da sua rede de contatos. Na comparação com americanas, jordanianas, suecas, ugandenses e suíças - no índice de empresárias que são membros de associações de comércio - elas ficaram em último lugar nesse quesito.



"As mulheres fazem menos networking que os homens. Consequentemente, têm menos acesso a informações e deixam de trocar experiências com outros empreendedores - itens fundamentais para o sucesso das empresas", afirma Karen.



A história da fundadora da empresa de cosméticos Kapeh

A mineira Vanessa Vilela, 34 anos, abriu há cinco anos o seu próprio negócio. Apaixonada "desde sempre" por cosméticos, como diz, ela investiu na formação em farmácia e bioquímica já pensando em abrir uma empresa depois de concluir a graduação. "Iniciei as pesquisas três anos antes de a Kapeh começar a operar. Foi aí que achei o meu nicho: cosméticos feitos a partir do café", conta. A empresa atua com uma linha de produtos para o cabelo e o corpo.

Vanessa explica que o setor é dominado por grandes players e que por isso teve de buscar uma diferenciação. "Aliei essa certeza de que era necessário fazer diferente com aquilo que a região me oferecia", conta Vanessa, cuja empresa está sediada em Três Pontas - cidade localizada no Sul de Minas Gerais e conhecida pelo cultivo de café. Ela não menciona o faturamento da marca, mas conta que os produtos da Kapeh estão presentes em 250 pontos de venda de 17 estados brasileiros.

Comprovando a pesquisa da Unctad, Vanessa conta que nunca se sentiu discriminada. "Talvez porque o meu ramo seja extremamente feminino. Por outro lado, acho que existem, sim, negócios mais masculinos", afirma. Ela também diz que teve dificuldades para consolidar sua rede de contatos. "Sempre soube que esse era o meu ponto fraco. Com o tempo descobri a importância de conversar com outras pessoas e participar de fóruns na minha área", diz ela.

Vanessa vê como pontos fortes da mulher o dinamismo e a versatilidade para assumir vários papéis ao mesmo tempo. Sobre assumir riscos, ela confirma o traço da empreendedora brasileira e se diz mais cautelosa. "Não que eu deixe de arriscar, mas aprendi a correr riscos calculados", afirma.

Em 2010, Vanessa foi uma das dez finalistas do prêmio de empreendedorismo Empretec Women in Business Award, promovido pela Unctad. Para ela, prudência não é sinônimo de falta de ousadia. Para provar sua tese, conta que a a Kapeh foi a vencedora do Prêmio Nacional de Inovação de 2011, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), na categoria micro e pequena empresa.

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Especial para o Terra

Fonte: Terra
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