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Minoritários acusam operador de 'insider trading' com ações da Petrobras e acionam CVM

3 mar 2021 - 15h15
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A associação que representa investidores minoritários Abradin apresentará à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quarta-feira uma representação pedindo a investigação de um operador que teria feito movimentação suspeita com ações da Petrobras no mercado de opções, afirmou à Reuters o presidente da entidade, o economista Aurélio Valporto.

Logo da estatal na sede da companhia
REUTERS/Sergio Moraes
Logo da estatal na sede da companhia REUTERS/Sergio Moraes
Foto: Reuters

A operação, segundo o presidente da Associação Brasileira de Investidores, teria ocorrido entre uma reunião em Brasília em que se teria definido a saída do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e a indicação do general Joaquim Silva e Luna para assumir o comando da companhia.

Um operador comprou um volume expressivo de opções da petroleira apostando na queda dos papéis da estatal.

A operação pode ter rendido cerca de 18 milhões de reais, um volume nunca antes registrado na bolsa paulista em casos como esse, segundo o economista.

"Já está muito claro que houve crime e tem evidências sobre isso tudo. A sociedade e o judiciário precisam entender que isso é roubo. São pessoas ganhando e, se não houver punição, a credibilidade do mercado é minada e nunca teremos nele uma fonte de financiamento do país", disse Valporto à Reuters.

"A operação com a opção tinha tudo para virar pó, mas quem fez isso, comprar 4 milhões de opções, sabia que ia cair mais ainda. Não há dúvidas que houve vazamento sobre a troca na Petrobras, crime de 'insider trading'."

As ações preferenciais da Petrobras, que operavam em baixa de 4% no meio da tarde desta quarta-feira, recuaram 22,7% desde o dia 19 de fevereiro.

A representação à CVM é um primeiro passo para uma investigação mais aprofundada sobre o caso.

A expectativa da Abradin é que o caso seja apurado e encaminhado ao Ministerio Público para um futuro oferecimento de denúncia contra o protagonista da operação.

"A CVM é o primeiro passo, até porque ela sabe de todas as operações que ocorrem na B3. Esperamos que a CVM dê uma satisfação e, se ela e o MP não fizerem nada, nós faremos na Justiça, como fizemos com o Eike", disse Valporto.

O empresário Eike Batista, que esteve dentre os homens mais ricos do mundo, foi condenado em fevereiro pela Justiça do Rio de Janeiro a quase 12 anos de prisão por crimes no mercado financeiro. Eike pegou uma pena de seis anos e oito meses e multa de quase 409 milhões pelo crime de "insider trading". Ainda cabe recurso.

Procurada sobre a operação com opções da Petrobras, a CVM informou que "acompanha e analisa informações e movimentações envolvendo companhias abertas, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário."

A autarquia disse ainda que "não comenta casos específicos".

A B3 informou que também não vai se manifestar.

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