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Com pouca chuva, Economia vê risco de energia mais cara e aumento da inflação

Projeção para o IPCA deste ano passou de 4,42% para 5,05%, acima do centro da meta oficial, de 3,75%; estimativa para o crescimento do PIB também foi revista para cima, de 3,20% para 3,50%

18 mai 2021 - 10h03
(atualizado às 13h48)
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BRASÍLIA - Com o volume dos reservatórios de usinas hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste em baixa, o aumento do custo de energia e possível impacto na inflação entrou no radar da equipe econômica. Nesta terça-feira, 18, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, disse que o risco hidrológico pode afetar tanto os preços quanto a recuperação da economia em 2021. "Hoje estamos na bandeira vermelha 1 (nas contas de luz). Se ele insistir e piorar, podemos ir para a bandeira vermelha 2. Então há um risco na inflação", afirmou.

Sachsida lembrou que o País corre esse risco hidrológico apesar de dez anos de crescimento baixo da economia. "Isso mostra que temos um problema não apenas conjuntural, de chuvas, mas que temos um problema estrutural também. Isso reforça a importância do processo de concessões e privatizações e de marcos legais mais eficientes", completou.

O governo divulgou novas projeções para a economia e a inflação neste e nos próximos anos. Em relação à inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a estimativa para a alta de preços neste ano passou de 4,42% para 5,05%. Para 2022, a projeção permaneceu em 3,50%.

Segundo secretaria do Ministrério da Economia, o setor de serviços tem apresentado recuperação em 2021 e está mais próximo do nível pré-crise.
Segundo secretaria do Ministrério da Economia, o setor de serviços tem apresentado recuperação em 2021 e está mais próximo do nível pré-crise.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil / Estadão

No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 17, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central estimaram que o IPCA deve acumular alta de 5,15% em 2021 e de 3,64%em 2022.

O Ministério da Economia também revisou para cima sua previsão para a atividade econômica e espera agora uma alta de 3,50% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, ante avanço de 3,20% estimado no Boletim Macrofiscal de março.

Para 2022, a estimativa de alta no PIB permaneceu em 2,50%. O ministério manteve ainda as projeções de crescimento da economia de 2023, 2024 e 2025 - todas também em 2,50%. "Essa é uma projeção conservadora. Vários analistas de mercado estão projetando crescimento acima de 4,0% para o PIB deste ano. A nossa estimativa é conservadora, mas reflete o bom momento que estamos vivendo no lado econômico", afirmou Sachsida.

O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Bruno Funchal, afirmou que a nova projeção da pasta para a evolução do PIB reflete os novos dados da atividade econômica. "Dados importantes foram divulgados pela Receita Federal, com reflexo no resultado do Governo Central. No mês passado mostramos um superávit primário no primeiro trimestre, reflexo de uma retomada da economia, com mais receita. Os primeiros quatro meses de arrecadação dos Estados mostram um crescimento de mais de 15%, alguns Estados com alta de mais de 30% (no recolhimento) de ICMS", destacou.

Projeções acima do centro da meta

Todas as projeções para a inflação em 2021 estão bem acima do centro da meta deste ano, de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,25% a 5,25%). No caso de 2022, a meta é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00% a 5,00%).

O Ministério da Economia também atualizou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - utilizado para a correção do salário mínimo. De acordo com a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para a alta do indicador neste ano passou de 4,27% para 5,05%. Para 2022, a projeção se manteve em 3,50%.

A estimativa da Economia para a alta do IGP-DI em 2021 deu um salto de 5,06% para 15,21%. Para o próximo ano, a projeção passou de 3,57% para 4,26%.

O subsecretário de Política Macroeconômica do Ministério da Economia, Fausto Vieira, explicou que, no caso específico do IGP-DI, pesou o preço das commodities. "Não houve a desinflação que acreditávamos no começo do ano. Olhando para trás, é a surpresa nos dados divulgados. Olhando para frente, é maior pressão nos preços das commodities", detalhou.

Estadão
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