PUBLICIDADE

Mesmo com economia parada, bancos veem alta da Bolsa depois da reforma

Aprovação do texto da Previdência antes do recesso pode gerar rali e fazer Ibovespa chegar a 120 mil pontos

1 jul 2019 - 05h11
Compartilhar
Exibir comentários

O cenário para a economia brasileira em 2019 já está traçado pelos analistas. Será mais um ano praticamente de estagnação, provavelmente com crescimento abaixo de 1%. Mas, para os investimentos, o cenário pode não ser tão ruim. Com a aprovação da reforma da Previdência no radar, economistas acreditam que a Bolsa de Valores deve ter um novo ciclo de valorização.

O Bradesco, por exemplo, trabalha com a previsão de que o Ibovespa, o principal índice de ações da B3, a bolsa paulista, pode chegar a 120 mil pontos até o fim do ano ¬- na sexta-feira, fechou aos 100.967 pontos. "Estamos positivos em relação à Bolsa pela reforma da Previdência, mas as próximas semanas serão muito voláteis. O processo de aprovação não será sem surpresas", diz Marcelo Nantes, superintendente de renda variável da Bradesco Asset Management (Bram).

Ronaldo Távora, economista-chefe do Banco do Brasil, também acredita em uma nova disparada nas cotações das ações na Bolsa, com a eventual aprovação da reforma da Previdência. "Na hora em que ficar claro que se tem a reforma, especialmente com Estados e municípios incluídos, vejo grande chance de que se tenha um novo rali."

Segundo ele, a alta seria, a princípio, descolada da recuperação da atividade econômica, já que os preços dos ativos acabam adiantando as expectativas. Na visão do BB, a reforma previdenciária não levaria ao aquecimento acelerado da economia no curto prazo. "Acredito que 1% (de crescimento do PIB) em 2019 seja o teto, com o segundo semestre tendo de ser muito melhor que o primeiro", diz.

Para os analistas, essa valorização da Bolsa também leva em conta o cenário de juros mais baixos. Hoje, a taxa básica de juros, a Selic, está em seu nível histórico mais baixo (6,5% ao ano). E o próprio Banco Central já sinalizou que, após a reforma da Previdência, deve iniciar um novo ciclo de cortes. E juros mais baixos levam investidores e fundos a buscarem mais ativos de risco, para compensar a perda de rentabilidade na renda fixa.

As projeções dos grandes bancos para a taxa de juros variam um pouco. O Itaú Unibanco, por exemplo, acredita numa taxa Selic de 5% até dezembro. "Uma vez que a primeira votação da reforma na Câmara (a reforma precisa de dois turnos de votação para ser aprovada) tiver ocorrido, veremos um corte de 0,25 ponto porcentual, em seguida dois de 0,50 e mais um de 0,25, chegando a 5% no fim do ano", diz Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco.

Para o Bradesco, a projeção da Selic para este ano é de 5,5%, também acreditando no início dos cortes em julho. "O risco de não aprovação da reforma caiu nos últimos dois meses", diz Marcelo Toledo, economista-chefe da Bram.

O BB trabalha com uma taxa Selic de 5,75% para este ano, mas prevê novas altas durante o próximo ano, para voltar ao patamar de 6,5%. Para Távora, a aprovação da reforma e o corte de juros podem levar o País voltar a crescer, em 2020, em torno de 2%. "A reforma destrava uma série de outras pautas que podem fazer o crescimento voltar. A taxa de juros, sozinha, tem efeito limitado."

Câmbio

Outro ativo importante de se mensurar para quem está na Bolsa, o dólar também divide opiniões entre os gestores. Enquanto o desaquecimento da economia global leva a uma tendência de corte de juros nos EUA - o que deixaria economias emergentes mais atrativas aos estrangeiros -, a percepção de risco mundial pode contribuir para a desvalorização do câmbio brasileiro.

Para Gonçalves, do Itaú, a guerra comercial entre EUA e China é mais um ponto de risco nas projeções do dólar. "Não temos um cronograma claro de quando as negociações convergirão para um novo acerto", diz. O banco trabalha com projeção do dólar a R$ 3,80 até o fim do ano e a R$ 4 em 2020. O Santander prevê R$ 4 no fim de 2019, enquanto Bradesco e BB apostam em R$ 3,70, com a aprovação da reforma e o cenário exterior em desaceleração.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade