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Mercado Livre vai elevar investimento em 2018 após R$1 bi aplicado em 2017

23 fev 2018 - 19h41
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A empresa de comércio eletrônico Mercado Livre deve elevar significativamente o investimento em 2018, após dispêndio de cerca de 1 bilhão de reais no ano passado, disse nesta sexta-feira o vice-presidente de operações da empresa, Stelleo Tolda.

Para fazer frente ao crescimento do investimento diante da disputa cada vez mais intensa do comércio eletrônico latino-americano envolvendo empresas de varejo físico e online, o Mercado Livre decidiu rever sua política de dividendos, optando pelo não pagamento aos acionistas em 2018, disse o executivo.

"No ano passado investimos 1 bilhão de reais, que já foi uma cifra bem mais expressiva que em 2016", disse Tolda, sem dar detalhes. "Este ano vamos aumentar (o investimento)", adicionou. Questionado se a expansão no investimento poderia ser da ordem de um dígito, ele respondeu que "vai ser bem mais que isso".

O Mercado Livre teve prejuízo líquido atribuível aos acionistas de 67,7 milhões de dólares no quarto trimestre, revertendo resultado positivo de 51,35 milhões obtido no mesmo período de 2016, em meio a crescimento nas despesas operacionais e perdas geradas por desconsolidação de operações na Venezuela.

Para Tolda, apesar do resultado, o Mercado Livre precisa seguir investindo em expansão para conseguir abocanhar o crescimento do comércio eletrônico nos próximos anos.

"Começamos a investir mais agressivamente no programa de fidelidade e em frete grátis no ano passado e vimos o impacto que isso teve no crescimento do volume de transações....Isso obviamente exigiu investimento muito maior e queda na margem, mas está dentro do planejamento. O negócio ainda está em fase incipiente e achamos que temos que investir muito mais em crescer do que gerar rentabilidade no curto prazo", disse Tolda.

No quarto trimestre, o valor das vendas do Mercado Livre (GMV) cresceu 63 por cento, para 3,6 bilhões de dólares. O volume de itens vendidos disparou 57,5 por cento, para 81,2 milhões. No Brasil, a receita líquida nos três últimos meses de 2017 subiu 82,5 por cento, para 262 milhões de dólares.

Comparativamente, o Magazine Luiza, uma das maiores redes de varejo físico e uma das líderes em comércio eletrônico no Brasil, teve expansão anual de 60 por cento nas vendas online no quarto trimestre. As vendas totais da empresa subiram 30,6 por cento no período, para 4,4 bilhões de reais.

"A mensagem é que tem espaço para o comércio eletrônico crescer muito", disse Tolda.

O executivo afirmou que entre as principais prioridades do Mercado Livre neste ano está ampliar a frequência de compra dos usuários em sua plataforma, um dos motivos pelos quais a empresa começou a aceitar recentemente a venda de produtos sob assinatura, como ração para animais de estimação.

O executivo comentou que um usuário do Mercado Livre faz compras na plataforma oito vezes por ano em média. "Isso pode ser muito maior, há referências internacionais de alguns casos acima de 40 a 80 vezes", disse Tolda. "O que estamos querendo é que as pessoas vejam a conveniência (de comprar online)" pois a penetração do comércio eletrônico no total do varejo da América Latina é de menos de 5 por cento, inclusive no Brasil.

Questionado se a companhia pode recorrer ao mercado de capitais para fazer frente aos investimentos, Tolda afirmou que o Mercado Livre não tem planos para isso além do fundo de direitos creditórios (FDIC) que montou para captar recursos para concessão de empréstimos a vendedores e compradores da plataforma no Brasil e Argentina.

Também não está nos planos da empresa nem no médio prazo uma oferta inicial de ações da unidade de meios de pagamento Mercado Pago, que poderia pegar carona no bem sucedido IPO promovido pela rival PagSeguro mais cedo neste ano.

"Hoje a grande maioria das transações processadas pelo Mercado Pago ocorrem dentro do marketplace. Enxergamos grande espaço para crescermos fora do marketplace, mas não justifica agora cindirmos a empresa e fazemos uma abertura de capital no curto ou médio prazos", disse Tolda. "É uma discussão que pode surgir daqui mais um tempo", acrescentou.

Sobre os sinais de que a norte-americana Amazon.com está se movimentando para ampliar operações no país, o executivo disse que a gigante do varejo online demorou para entra no país e agora vai enfrentar grupos já consolidados.

"A Amazon é consequência, não a causa. A empresa está interessada pelo potencial do mercado e isso a gente já está careca de saber...Estamos fazendo investimento porque vemos a oportunidade de capturar esse potencial", disse Tolda.

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