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Mercado já vê inflação de 8,35% no fim do ano, mais de 3 pontos acima do teto da meta

Economistas ouvidos pelo Banco Central para a elaboração do relatório Focus aumentaram a projeção para o IPCA de 2021 pela 24ª semana seguida

20 set 2021 - 09h49
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A projeção do mercado financeiro para a inflação em 2021 se distanciou ainda mais do teto da meta perseguida pelo Banco Central (BC). Os economistas elevaram a previsão para o IPCA - o índice oficial de preços - pela 24.ª semana seguida, de alta de 8,00% para 8,35%, conforme o Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 20. Há um mês, a estimativa era de inflação de 7,11% no fim do ano. Os mais de 100 economistas consultados semanalmente pelo Banco Central para a elaboração do relatório também revisaram a projeção para o índice em 2022, que passou de 4,03% para 4,10%, nono aumento consecutivo.

A expectativa para o IPCA em 2023 seguiu em 3,25% e, para 2024, passou de 3,03% para 3,00%. A projeção dos economistas para a inflação segue bem acima do teto da meta de 2021, de 5,25%. O centro da meta para o ano é de 3,75%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%), enquanto o parâmetro para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%). Para 2024 a meta é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (de 1,5% para 4,5%).

Na semana passada, o Ministério da Economia também revisou para cima sua projeção para o IPCA em 2021, de 5,90% para 7,90%. Para 2022, a projeção passou de 3,50% para 3,75%.

Segundo o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda, a previsão de analistas para o PIB de 2022 passou para 1,63%.
Segundo o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda, a previsão de analistas para o PIB de 2022 passou para 1,63%.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil / Estadão

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia. Na hipótese de a meta de inflação ser descumprida, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá de enviar uma "carta aberta" a Guedes, explicando as razões para o estouro. A última vez que isso ocorreu foi em janeiro de 2018 e o motivo foi o descumprimento em outra direção, por a inflação do ano anterior ter ficado abaixo do piso da meta. O ex-presidente Ilan Goldfajn justificou, à época, que o maior impacto para a inflação ter desabado em 2017 foi a queda dos alimentos por causa da safra recorde.

Alta também na Selic

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os economistas do mercado financeiro seguiram elevando suas projeções para a Selic, a taxa básica da economia, no fim de 2021. Segundo o relatório Focus, as previsões para a Selic passaram de 8,00% para 8,25% ao ano. Há um mês, a estimativa era de 7,50%. Da mesma forma, a projeção para o fim de 2022 passou de 8,00% para 8,50% ao ano, ante 7,50% de um mês antes.

No começo de agosto, o Copom subiu pela quarta vez consecutiva a Selic e acelerou o ritmo ao elevá-la em 1 ponto porcentual, para 5,25% ao ano. Ao mesmo tempo, o colegiado sinalizou um aumento de mesma magnitude para a reunião desta semana, na terça, 21, e na quarta-feira, 22. A persistência da inflação e o agravamento da crise hídrica levaram parte do mercado a apostar em uma alta maior da Selic nesta reunião, mas as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na semana passada realinharam as expectativas por nova uma elevação de 1 ponto porcentual.

Atividade econômica

Os economistas ouvidos pelo BC para o relatório Focus mantiveram a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 em 5,04%. Para 2022, porém, a previsão de expansão do PIB passou de 1,72% para 1,63% - quatro semanas atrás, estava em 2%. Para 2023, a projeção de crescimento permaneceu em 2,30% e, para 2024, em 2,50%.

Na grade de parâmetros da Secretaria de Política Econômica, divulgada na semana passada, o Ministério da Economia revisou apenas marginalmente sua estimativa para o PIB do ano que vem, de 2,51% para 2,50%. Para este ano, a pasta segue esperando uma alta de 5,30% na atividade econômica.

Estadão
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