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Medidas fiscais são importantes para BC conseguir baixar juros, diz Campos Neto

21 out 2024 - 11h14
(atualizado às 12h11)
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira que a adoção de medidas fiscais pelo governo é importante para que a autoridade monetária consiga baixar juros, destacando que é difícil atingir a meta de inflação quando há uma desancoragem das expectativas para as contas públicas.

Em evento da Investment Association, em São Paulo, Campos Neto voltou a dizer que pessoas estão questionando a transparência das contas públicas e que uma percepção de choque fiscal pode gerar impacto positivo sobre as avaliações de mercado.

"Acabei de ler as notícias, não sei se era oficial ou não, mas estavam falando sobre reforma administrativa, havia uma expectativa de que depois das eleições nós veríamos algumas medidas. Isso é muito importante para nós no Banco Central podermos baixar as taxas de forma sustentável", disse.

"Nossa missão é atingir a meta de inflação, e é muito difícil fazer isso quando há uma percepção de que o fiscal não está ancorado", prosseguiu.

O governo está preparando medidas de contenção de gastos obrigatórios para serem apresentadas após a realização do segundo turno das eleições municipais, no fim deste mês, buscando uma sustentação do arcabouço fiscal e uma estabilização da dívida pública.

No evento, Campos Neto afirmou que a inflação no Brasil vinha em processo de convergência para a meta, mas estagnou recentemente, ressaltando que o BC estará muito atento aos próximos dados de preços no país.

Segundo ele, o BC também tem visto "grande desancoragem" das expectativas de mercado para a inflação e é preciso ter certeza de que a variação dos preços caminhará para a meta de 3%.

"Decidimos não dar uma orientação em relação à próxima reunião (do Comitê de Política Monetária) porque achamos que queríamos ter tempo para analisar o cenário", disse.

O BC reiniciou em setembro um ciclo de alta dos juros básicos, elevando a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano, em meio a um cenário de atividade forte e pressões no mercado de trabalho.

Para Campos Neto, números positivos do mercado de trabalho ainda não apontam para um impacto direto sobre preços, mas podem causar preocupação.

"Estamos vendo números surpreendentes no mercado de trabalho, ainda não vimos uma conexão clara com os preços dos serviços... Na margem, vemos que isso pode ser uma fonte de problemas", afirmou.

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