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Leilão de energia ignora risco político com recordes e R$5,3 bi em investimentos

4 abr 2018 - 16h39
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Um leilão promovido pelo governo brasileiro nesta quarta-feira para contratar novos projetos de energia ignorou a tensão política dos últimos dias e conseguiu atrair investidores interessados em aportar mais de 5 bilhões de reais na construção de cerca de 1 gigawatt em novas usinas, além de registrar uma redução recorde nos preços de venda da produção futura dos empreendimentos.

Em meio a um forte apetite de elétricas por projetos de geração renovável, a maior economia da América Latina registrou os mais baixos preços de sua história para a compra de energia solar e eólica, ultrapassando marcas vistas ainda no final de 2017, quando essas fontes renováveis já haviam surpreendido especialistas ao alcançar preços inferiores até mesmo aos de hidrelétricas, principal fonte energética no Brasil.

"O leilão foi muito bem sucedido... A instabilidade política, o risco político, não influenciou", disse a jornalistas o secretário de Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Eduardo Azevedo, em coletiva de imprensa após o final do evento.

"Curiosamente, isso mostra uma resiliência muito grande. O setor elétrico fez um leilão de sucesso em uma semana talvez um pouco conturbada das notícias... O investidor entrou sabendo exatamente o que estava precificando, e não vejo risco no leilão relacionado a essa esfera", adicionou o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Tiago de Barros.

Os projetos viabilizados no pregão, o chamado "A-4", precisarão entrar em operação até janeiro de 2022. Os vencedores assinarão contratos de venda da geração às distribuidoras de eletricidade locais por prazos de 20 anos, para projetos eólicos e solares, e 30 anos para usinas hídricas e de biomassa.

As solares, que responderam por quase 80 por cento da energia negociada no certame, com 806,6 megawatts em capacidade, praticaram preços entre 117 e 118 reais. Os valores representam deságio de cerca de 60 por cento frente ao teto definido para a fonte e bateram de longe os 143,50 reais do recorde anterior.

As eólicas, com 114,4 megawatts em projetos vencedores, tiveram deságio de mais de 70 por cento, com a venda da produção futura por 67,60 reais --contra cerca de 97 reais no ano passado.

O certame contratou ainda 61,8 megawatts em térmicas a biomassa e 41,6 megawatts em pequenas hidrelétricas, com deságios também expressivos, de 40 e 30 por cento, respectivamente.

O deságio médio da licitação, se consideradas todas as fontes, foi de 59 por cento.

Antes do certame, consultorias esperavam uma contratação mais próxima à do A-4 do ano passado, entre 500 e 600 megawatts em capacidade. Mas segundo Barros, da Aneel, a capacidade negociada ao final foi maior devido a um foco nos projetos solares, que têm produtividade inferior às demais fontes.

"Mesmo com a demanda ainda com reflexo da economia desaquecida... Com essa demanda ainda pequena, a gente viabilizou investimentos em um montante bastante expressivo, o que é razão para comemorar", afirmou.

Azevedo, do Ministério de Minas e Energia, afirmou que a contratação mais expressiva dos empreendimentos solares deve-se a uma recente decisão de não incluir projetos da fonte no próximo certame previsto, o A-6, que deve acontecer até agosto.

"Chegamos à conclusão de que o leilão A-6 não deve ter solar participando, então privilegiamos ela no A-4", disse.

Ele também afirmou que o governo procurará priorizar a contratação de projetos de acordo com previsões de longo prazo publicadas ao mercado em um documento oficial, o Plano Decenal de Energia, de modo a garantir uma maior previsibilidade e atrair os investidores.

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