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Fleury compra Hermes Pardini e cria empresa de R$ 8 bilhões de valor de mercado

Com o negócio, os irmãos que controlavam o laboratório mineiro terão quase 22% da 'nova' Fleury; combinadas, companhias terão 487 unidades em 12 Estados e no Distrito Federal

30 jun 2022 - 10h43
(atualizado às 17h52)
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Em meio a um forte movimento de aquisições no setor de saúde no Brasil, a empresa de medicina diagnóstica Fleury anunciou a compra do grupo mineiro Hermes Pardini, criando um novo negócio com valor de mercado de R$ 8 bilhões. A operação, que ainda precisará passar pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), reforçará a presença da empresa pelo País.

"Estamos falando de uma ambição de crescimento, pautado em uma avenida em medicina diagnóstica. Há oportunidade de crescimento em medicina diagnóstica, porque esse mercado é fragmentado. A gente sabe que tamanho importa e ficaremos mais robustos nas negociações, teremos ganho de escala e amplitude nacional", comenta a presidente do Fleury, Jeane Tsutsui, que assumiu o cargo há cerca de um ano. As ações da Fleury subiam 15% no pregão desta quinta-feira, 30.

No fim do processo de fusão, os acionistas do Pardini se tornarão acionistas do Fleury. O principal sócio da empresa será o Bradesco, com cerca de 20% da nova companhia (hoje a banco possui quase 30% na Fleury), seguido dos médicos-sócios do Fleury (13%). Os irmãos Pardini (Victor, Regina e Áurea) terão 7,3% cada do capital da empresa.

Juntas, as empresas terão 487 unidades de atendimento, em 12 Estados no Distrito Federal, e um faturamento combinado de R$ 6,4 bilhões. Ao todo, serão 39 marcas no portfólio da empresa, incluindo a Hermes Pardini, a Fleury e a A+. "A prática médica é regional. Ao longo do tempo temos mantido as marcas", afirma a presidente da empresa.

A Fleury, que desde o ano passado tem feito aquisições em áreas adjacentes ao seu negócio principal, já tinha sinalizado o apetite de crescer em diagnósticos, quando chegou a negociar a compra da Alliar, que tem no portfólio o laboratório CDB, mas as negociações acabaram não avançando.

O presidente do Hermes Pardini, Roberto Santoro, afirmou que a nova Fleury seguirá na estratégia de aquisições. "Ganhamos força para atuar de forma mais competitiva para seguir com consolidação - e até com mais velocidade. Cada empresa já tem o seu mapeamento de mercado e olharemos após as aprovações", afirma o executivo.

Segundo Santoro, pela baixa sobreposição de laboratórios das duas empresas, a expectativa é de que a análise por parte do Cade não encontre grandes problemas. Forte em Minas Gerais, a marca Hermes Pardini será mantida ao menos por dez anos. Caso o acordo não seja aprovado por alguma das assembleias de acionistas, foi definida uma multa compensatória de R$ 250 milhões.

Setor aquecido

Nos últimos dois anos, o setor de saúde no Brasil viveu um momento muito aquecido. Uma das maiores transações foi entre os operadores de saúde NotreDame Intermédica e Hapvida, que hoje vale cerca de R$ 40 bilhões na Bolsa. Outra operação emblemática foi a compra da operadora de planos de saúde Sulamérica pela gigante de hospitais Rede D'Or, dona da rede de hospitais São Luiz.

No ano até maio o setor de saúde já anunciou 44 operações de fusões e aquisições, segundo dados da consultoria PwC, já chegando perto do recorde de 2021, quando foram anunciadas 56 transações.

Analista de ações da casa de análise Nord, Danielle Lopes afirma que, além da sinergia entre as empresas, há muita complementariedade entre elas - algo positivo. "Vejo a transação como muito positiva para o setor. Já houve conversas no passado e, no atual momento de mercado, faz todo sentido", afirma.

Estadão
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